quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Você é quem você é ou quem os outros querem que você seja? (Renata Lima)


Em "Tudo o que Nunca Contei", livro de estreia da americana com descendência chinesa Celeste Ng, publicado aqui no Brasil pela Intrínseca, Lydia morre no começo do livro e ninguém parece entender o motivo de um ato tão trágico.

Nossa Avaliação -  9.5
Na Ohio dos anos 70, o desenrolar da história nos mostra o retrato de uma família sino-americana quebrantada e desiludida. A mãe casou-se com o pai de origem chinesa e os filhos, Nathan, Lydia e Hanna, sempre se sentiram diferentes.

Com o desaparecimento, e a consequente descoberta de que Lydia está morta e foi encontrada em um rio, uma série de perguntas começa a surgir. O que houve com Lydia, a estrela da família, aquela com quem tudo parecia estar indo tão bem, a filha promissora, aquela em quem todos apostavam suas fichas, aquela que era tudo que seus pais não foram: popular na escola, cheia de amigos, super integrada à comunidade?

Através de uma narrativa incrível, Celeste Ng nos mostra o que nem sempre é visto: os dramas familiares, as situações de tensão, a preferência dos pais pela filha perfeita em detrimento dos outros filhos, principalmente à filha mais nova, Hannah, jogada no porão junto com tudo que é excedente, que não serve mais, que é deixado de lado.

No meio disso tudo, temos Lydia, uam jovem tentando viver sua vida, mas sempre para atender às altas expectativas que não são dela. A pressão do dia a dia, a crescente necessidade de agradar a todos, a vida controlada por regras rígidas, estudos sem fim, um futuro à vista que parece não ser o seu, mas o que querem para ela.

Apesar de ser um livro datado na década de 70, como não trazer essa história para os dias atuais? Preconceito, drama familiar, expectativas capitalistas não-atendidas, sonhos que talvez nunca se tornem realidade e uma pergunta que muitos de nós se fazem até hoje: quem sou eu?

Por fim, na minha opinião, o livro traz dois sentimentos que deveriam estar em voga hoje em dia, mas que na verdade estarmos sempre tentando resgatar em meio a tanta mesquinharia, que se chamam EMPATIA e ACEITAÇÃO. A capacidade de se conectar com o outro, de tentar enxergar os problemas do outro, de ajudá-lo, de se colocar no lugar dele e por fim de dizer que está tudo bem não ser o melhor em tudo, não ser o mais inteligente, o mais esperto, o mais bonito. Está tudo bem ser quem a gente é, com defeitos e qualidades, mas seres humanos dotados de características únicas, de opiniões individuais e em constante processo de melhoria e de aprendizado.

Recomendo demais esse livro e espero que vocês tenham a sensibilidade de tomar essa história para si, como eu fiz!

Até mais!


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