sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Erotismo não combina com infantilidade (Renata Lima)


Eu poderia fazer um post genérico sobre essa febre de livros eróticos e algumas pessoas concordariam comigo, outras não e o post viraria um debate, mas prefiro dizer que, na minha humilde opinião, alguns valem a pena ser lidos outros nem tanto, o que não tira o mérito desses livros terem introduzido (desculpem o trocadilho infame) um número impressionante de leitores ao mundo da leitura. Alguns continuam só na literatura erótica, outros já dividem o tempo com outros romances, como os livros de John Green, Nicholas Sparks, Emilly Giffin etc, outros já estão lendo de tudo um pouco, então como odiar?

Nesse momento, peço um parênteses para dizer que há anos faço revisão de romances de banca de jornal (que há alguns meses passaram por uma repaginada e também estão sendo vendidos em livrarias), por isso o erotismo desses livros atuais não me assusta, nem me surpreende. Leitores de Sabrina, Bianca, da série Desejos ou Paixões Picantes sabem do que eu estou falando; ou seja, erótico não é algo novo patenteado pela Sra. E. L. James e seus "Cinquenta Tons", mas talvez a linguagem mais explícita sim.

Nossa Avaliação - 6.5
Os livros de hoje são os dois primeiros livros da trilogia "Peça-me o que quiser" de Megan Maxwell, que, nascida na Alemanha, filha de mãe espanhola e pai americano, mora a vida quase toda em Madri, cidade que funciona como pano de fundo da história.

"Peça-me o que quiser" é um livro escrito em primeira pessoa por Jud, uma mocinha um tanto atípica. Quando eu digo mocinha atípica, leia-se moleca, atleta, apegada à família, diferente das mocinhas americanas dos livros eróticos mais difundidos no Brasil. Ela é uma mulher independente que trabalha como secretária em uma empresa alemã com sede em Madri. 

Um belo dia, depois de ver sua odiosa chefe e um colega de trabalho transando no estacionamento, Jud fica presa no elevador com outros funcionários, entre eles um pedaço de mau caminho de lindos olhos azuis. Espirituosa e tentando manter a calma em uma situação de estresse, Jud faz brincadeiras descontraídas sem saber que o gostosão em questão é um de seus chefes, Eric Zimmerman, o alemão que é dono da empresa. 

Mas como no mundo nada é perfeito, depois de bancar a voyeur mais uma vez, desta vez trancada junto com o chefe em uma sala de arquivo vendo a chefe ter relações com o mesmo funcionário, Jud é convidada para jantar com Eric e ele a leva a um restaurante chique, com uma clientela selecionada que é, na verdade, a fachada de um clube de suingue (não de dança não, gente, de suingue mesmo - troca de casais, voyeurismo etc). Inicialmente, a mocinha fica incomodada, mas aos poucos começa a ceder aos caprichos do deus grego e entra no jogo dele, passando a "brincar" com algumas regrinhas verbais (sem um contrato dessa vez). Só que a inexperiência de Jud nesse tipo de "brincadeira" faz com que ela se meta em algumas confusões e situações no mínimo inusitadas.

Se por um lado, este livro é diferente de "Cinquenta Tons", principalmente quando Jud deixa bem claro que não aceita sadomasoquismo (mas uma hora ou outra ela aceita ser vendada e amarrada à cama e deixa que outros homens (e mulheres) desfrutem de seu corpo enquanto seu chefe observa), existe uma interseção entre os dois livros que reside na incapacidade das pessoas em resolverem os problemas da relação que não seja na cama ou saindo e batendo porta. Pode parecer passional, mas na minha opinião é extremamente infantil e desgastante. É um tal de um expulsa um do apartamento, o outro expulsa a outra do hotel, expulsa da sala, expulsa da casa do amigo, tem hora que chega a ser chato. Um outro ponto parecido com "Cinquenta Tons" é que Eric guarda um segredo, na verdade mais de um, mas os segredos são revelados nesse livro, então a autora não vai ficar três livros enrolando sobre o assunto - espero eu.

Eu sou uma dessas que adora "trilha sonora" em livro. Nesse ponto, "Cinquenta Tons" e "Entre o Agora e o Nunca" são mestres. A música serve para COMPLEMENTAR uma cena, ou até mesmo EXPLICAR o estado de espírito da personagem, então achei inútil saber que estava tocando "Waka Waka" da Shakira quando ela estava deprimida, não fez muito sentido. E as letras em Espanhol não foram traduzidas, acredito que valeria a pena deixa-las em coluna dupla, a original e a tradução porque ninguém é obrigado a saber Espanhol.

Problemas à parte, a história é até interessante, a narração em primeira pessoa é divertida, a mocinha não é uma mala completa e o mocinho, apesar de esquentadinho demais às vezes, não é de todo ruim. Quem tem preconceitos com essa questão sexual que envolve mais que duas pessoas em uma relação sexual, vai se sentir um tanto decepcionado.

Nossa Avaliação - 4.0
No segundo livro, Jud vai morar com Eric na Alemanha e entra de cabeça na complicada história da família Zimmerman. Mais sexo, brigas mais infantis ainda e uma briga fenomenal que dá vontade de voar no pescoço da mocinha e mandá-la calar a boca! E no mais o livro é isso e não é meu poder de síntese, o livro é só isso mesmo. E sabe o que é pior? À exemplo do "Para Sempre Sua" da Sylvia Day, o livro acaba com um "CONTINUA". Qual é o problema das pessoas em finalizar um livro, mesmo que a história continue? Para mim, pior do que o primeiro!

Infelizmente, são livros cheios de erros de revisão. Como são narrados em primeira pessoa, há muitas confusões nesse sentido, como por exemplo "Chega perto dele e sinto que me abraça com cuidado para não encostar na queimadura." ou "Desvio os olhos de mim e faz o que peço." e ainda erros em concordância nominal do tipo "Ela está ardente, encharcado e lateja." e erros de tradução como "Enquanto ouço o telefone apitar do outro lado da linha, sinto vontade de soltar um monte de palavrões. Mas só eu escutaria. Ele já foi embora." E na verdade ele desligou o telefone, não foi embora. Há também erros de digitação como "sozinos no quarto" e "beicino" (problemas com a letra "h"?) e inúmeros diálogos (com travessão e tudo) que começam bem no meio do parágrafo! Acho que a Suma de Letras tem que dar uma revisada nessa parte. (Eu li o livro oficial para Kindle!) Ah, e as músicas no segundo livro continuam em Espanhol, sem tradução!

Pelo menos, é uma trilogia, ou até agora é o que parece!

O terceiro livro "Peça-me o que Quiser ou Deixe-me" está previsto para janeiro de 2014. Já tenho o livro em Espanhol, mas estou na dúvida se encaro logo ou espero o lançamento em Português porque meu Espanhol é meio sofrível e precisei da ajuda dos universitários (na verdade da Carla) para entender uma música que aparece várias vezes durante o primeiro livro e uma música do Juanes que eu gostei!


6 comentários:

  1. Eu não gosto desse tipo de livro, são rasos demais e chatos, tem contos eróticos na internet muito mais interessantes. Na verdade so li o post inteiro porque gostei da forma como se expressa, e só//

    Enfim, é isso.

    http://saga-preciosa-cristal.blogspot.com.br/

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  2. Concordo demais com vc, K a a h!
    Obrigada pelo carinho!

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  3. Renata, concordo com tua resenha. Achei algumas briguinhas mega imaturas, mas condizentes com idade da Jud. Eu, aos 25, me achava "A" mulher madura, mas tinha dessas infantilidades também. Provavelmente nem todas mulheres são assim, porém consegui me identificar. / Eu passei batida pelas músicas :( seria legal mesmo se tivessem traduzido. Ainda assim, gostei do livro. Devo confessar que meu senso crítico não é tão apurado: se gosto de um livro, vou lendo até o final. Se não curto, abandono kkk --- os livros 2 e 3 vou deixar para ler depois. Esfriar a cuca desses assuntos calientes kkk

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    Respostas
    1. Ana, geralmente eu abandono se não estou gostando muito, mas esse livro me incomodou mais essa questão das brigas do que pela história em si...
      Eu já esfriei minha cuca, será que pego o último???
      Beijos!

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