segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Não ouse respirar (Renata Lima)


No começo do mês, eu resenhei para vocês o primeiro livro da série Fuga de Furnace do Alexander Gordon Smith chamado "Encarcerados". Hoje, duas semanas depois, volto para falar de "Solitária", o segundo livro da série. Se você ainda não leu o primeiro livro e pretende ler, sugiro que pule esse post, porque é impossível falar do segundo livro sem dar spoilers do primeiro, então pare por aqui. Mas se você é curioso como eu e não se importa com um pouquinho de spoiler, esse post não vai ter fazer tão mal assim!

Nossa Avaliação - 9.0
Resumindo um pouquinho o primeiro livro: Alex tem 15 anos e era um projeto de marginal, até que um dia ele e o amigo Toby resolvem assaltar uma casa e são surpreendidos pelos ternos-pretos. Eles matam Toby, mas é Alex quem leva a culpa e é sentenciado à Penitenciária de Furnace, um lugar habitado por criaturas bizarras, como o Diretor que ninguém consegue encarar nos olhos, os ternos-pretos, os cães do Inferno e os Ofegantes (homens que usam máscaras de gás).

Depois de criar laços de amizade (e de fazer alguns inimigos também), Alex executa um intrincado plano de fuga com Zê, Toby e Donovan, porém quando tudo está quase certo, Alex é desafiado a lutar contra um membro de uma das gangues da prisão. Donovan, sem escolha, conta o plano de fuga para Gary, membro da gangue, oferecendo a ele um ticket para a liberdade caso acabe com a luta e poupe a vida de Alex. Mas sabe Donovan que é a própria vida que está em perigo e, na noite anterior à fuga, ele é levado pelos Ofegantes para ser cobaia em seus experimentos científicos.

O primeiro livro termina quando os rapazes começam a fugir através de uma explosão nos campos de trabalho e é exatamente onde o segundo começa. Eles empreendem uma fuga desesperada tentando seguir um rio e descobrindo que Furnace é muito maior do que jamais poderiam supor.

Eventualmente perdidos, depois de muito escalar, se arrastar, correr e se machucar, os rapazes, com algumas baixas, acabam sendo recapturados e sentenciados a um mês na Solitária, onde diz-se que a loucura consome as mentes em menos de uma semana.

Separados e sem saber o que aconteceu com os outros fugitivos, Zê e Alex são trancafiados em um buraco no chão com uma espécie de escotilha em cima. Ali, literalmente destituídos de quase tudo que os tornar seres humanos, Alex e Zê precisam tentar manter a sanidade e arquitetar outro plano de fuga ainda mais audacioso que o primeiro e escapar das garras do monstro da loucura que o confinamento liberta.

"Podia aceitar bem o fim de minha existência, pois não haveria mais medo nem sofrimento. Mas e se a morte não fosse o fim? E se alguma parte de mim, talvez minha alma, sobrevivesse? E se ela fosse mantida ali nas entranhas de Furnace pelo resto dos tempos, jamais vendo de novo o sol ou ouvindo o som de risos? Era isso que fazia meu corpo parecer um poço desprovido de vida e luz. Era isso que estava me levando à loucura.
(...)
Não conseguiria lhe dizer quanto tempo fiquei no buraco antes de começarem as alucinações. Sem estímulos sensoriais, meu cérebro começou a conceber a própria realidade, criando fantasmas na escuridão da minha cela. De início, não tinham rosto nem corpo, eram apenas um redemoinho branco, suave como seda. Mas depois começaram a se solidificar, concretizando-se, até tomar a forma de pessoas que eu já conhecia."
Entre alucinações e a dura realidade, Alex aos poucos descobre que Furnace não é só composta por prisioneiros, os ternos-pretos, o Diretor e os Ofegantes. Há outras criaturas à espreita nas sombras, criaturas chamadas de Ratos, mas que um dia foram humanos, e dejetos de experimentos que deram errado, retalhos de humanos que vivem e sobrevivem como podem na escuridão abafada das rochas e suas reentrâncias. Um novo plano de fuga precisa ser feito, incluindo no grupo novas criaturas semi-humanas, algumas indignas de confiança.

O que pode ser pior do que ficar trancafiado em um buraco? Alex sabe a resposta à essa pergunta e vai tentar com todas as suas forças obter sucesso na nova tentativa de fuga. Será que dessa vez ele e seus amigos terão êxito? Será que desta vez Alex conseguirá tomar decisões corretas que resultem na sobrevivência de seus amigos e na luz do sol em seus rostos? Ou só há morte e sofrimento nas entranhas de Furnace?  

Novamente a narração em primeira pessoa dá ritmo ao livro. Quanto mais sabemos sobre Furnace, mais a sensação de claustrofobia, de umidade e de pavor nos incomoda. Mas se no primeiro livro a historia me cativou de tal forma que os possíveis erros de revisão e tradução passaram batidos, nesse segundo livro eu notei algumas construções estranhas e que não fazem muito sentido, como a frase "Certamente foi tão boa para Gary Owens, o cabeça dura que descobriu o nosso plano e seguiu em frente com um cheiro ruim." Por conta disso, eu diminuí a nota geral do livro do 9.5 que ele merece para 9.0.

Já estou lendo "Sentença de Morte" e volto mês que vem para falar mais dele, mas já vi que tem uma interseção interessante com o conto "The Night Children" ("As Crianças da Noite" em tradução livre), contando um pouquinho da história dos Ofegantes!

4 comentários:

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  3. Gente, eu adoro o jeito que você escreve, mesmo que esse livro me dê um pouco de medo, estou morrendo de vontade de ler o primeiro!!!
    Tendo o seu selo de aprovação, fiquei curiosa!!!!!!!!!!!!!!!!

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