Mitologia celta em 'Círculo Negro' (Carla Cristina Ferreira)

Já faz um tempo que a Renata me emprestou “Círculo Negro”, publicado pela Bertrand Brasil, de Catherine Fisher, autora que conhecemos depois de ler “Incarceron” e “Sapphique” e por ter gostado dos outros livros fiquei com vontade de ler mais um livro da autora.

Logo de cara o livro chama a atenção pela capa misteriosa, que lembra Stonehenge, mas foi ao ler a segunda página que ocorreu um estalo na minha caixola ao ler a frase ‘Livro de Taliesin’, pois vi que estava entrando em um mundo de lendas e mitos celtas, pelos quais sempre fui fascinada.

O livro conta a história de Rob, um menino com talento nato para a pintura que vive um momento difícil, pois sua irmãzinha Chloe sofreu um acidente e encontra-se em coma. Quando a esperança parece ter desaparecido eis que surge um grupo de seguidores da Nova Era que aguardam a chegada de um ser especial, possuidor de poderes mágicos. É esse homem, autodenominado Ervilhaca, que muda o mundo de Rob de cabeça para baixo ao sugerir que sua irmã está aprisionada em um mundo de profundezas e escuridão.

Nossa avaliação - 6.0

O problema é até que ponto Chloe é prisioneira? Ou estaria ela fugindo da sombra do seu irmão? Um livro que é muito mais do que parece ser, trazendo a tona lições familiares nas quais o amor, o ciúme e a inveja são o foco principal, com um pano de fundo cheio de referências às lendas celtas.

Entretanto são essas referências que tornam o livro um pouco confuso, sem dar uma explicação muito clara para o surgimento de Ervilhaca/Taliesin, Clare/Cerdiwen e principalmente para o rei do Desmundo, deixando algumas pontas soltas. No final não sabemos que fim levou a relação dos irmãos nem a verdadeira identidade do rei. Isso sem contar no padre Mac que não parece se encaixar em lugar nenhum.

A impressão que tenho é que Catherine tentou criar um mundo tão fantasioso quanto Incarceron e mais uma vez acabou se perdendo, como se perdeu em “Sapphique”. Talvez se ela houvesse explicado a base de sua trama, explicado a relação do poeta e das palavras com o mito de Taliesin sobre a sabedoria, talvez fizesse um pouco mais de sentido, mas isso ainda não explicaria outras questões.

Um livro que teria tudo, absolutamente tudo, para dar certo se fosse melhor desenvolvido. Uma pena; esperava mais.