quinta-feira, 28 de março de 2013

Um romance terminal (Renata Lima)


Nossa Avaliação - 9.5
Hazel Grace é uma sobrevivente. Ela convive com o câncer desde os 13 anos de idade, o que fez com que ela desenvolvesse um senso de humor sem igual. Sua mãe é sua enfermeira 24h por dia, seu pai trabalha feito um louco e chora boa parte do livro. Hazel passa a maior parte do seu tempo em casa e no hospital, desenvolvendo "interesse incidental em programas de TV detestáveis como America's Next Top Model" e é por isso que a mãe propõe que ela frequente um grupo de apoio triste e ao mesmo tempo hilário de personagens tão diferentes que têm em comum o câncer (alguns já curados, outros ainda em recuperação e alguns na condição terminal).

É durante uma das sessões do grupo que Hazel conhece Gus Waters, um rapaz alegre, simpático, divertido e cheio de vida, ou seja, o oposto de Hazel, uma menina sarcástica, pessimista e irônica. Gus é amigo de Isaac, um jovem prestes a perder a visão por conta de um câncer raro a quem Gus acompanha no grupo de apoio antes da cirurgia.

Hazel e Gus se tornam amigos porque ambos são de uma inteligência sem igual e os diálogos deles me lembram muito os diálogos que Joey e Dawson tinham na série de TV Dawson's Creek. E é por isso que Hazel empresta para Gus o livro que ela mais ama no mundo, chamado "Uma aflição imperial". Acho interessante destacar a parte que a Hazel fala sobre esse livro, que significa o mundo para ela e que vai ter um papel fundamental no resto do livro:
"Às vezes um livro enche você de um estranho fervor religioso, e você se convence de que esse mundo despedaçado só vai se tornar inteiro de novo a menos que, e até que, todos os seres humanos o leiam. E aí tem livros como "Uma Aflição Imperial", do qual você não consegue falar - livros tão especiais e raros e seus que fazer propaganda da sua adoração por eles parece traição. Não era nem pelo fato de o livro ser bom nem nada; era só porque o autor, Peter Van Houten, parecia me entender dos modos mais estranhos e improváveis. "Uma Aflição Imperial" era o meu livro, do mesmo jeito que meu corpo era meu corpo e meus pensamentos eram meus pensamentos."
E Hazel e Gus começam a dividir um sentimento mútuo por esse livro e têm discussões homéricas e engraçadas regadas de clichês e argumentos elaborados, mas também dividem angústias. Uma das angústias de Hazel é que ela se sente como uma granada prestes a explodir e mandar destroços para todos os lados, devastando seus pais.

Mas a maior preocupação de Hazel se refere ao livro que ela idolatra. Ela fica se perguntando o que acontece com os personagens depois que o livro acaba e é para descobrir isso que Hazel e Gus partem em busca de respostas e acabam encontrando outras perguntas, milhares delas na verdade, e respostas para perguntas que eles nem sonhavam em fazer. 

Além de um trabalho gráfico bem legal da Intrínseca, o livro é editorialmente impecável. Um livro lindo, comovente, sincero. Não achei ótimo, mas acho que John Green sempre cumpre o que promete, com uma inteligência que poucos autores têm com as palavras e criando sempre personagens marcantes, extremamente inteligentes e inesquecíveis.

Há alguns anos eu li "Quem é você, Alasca?", que foi lançado em 2010 pela Martins Fontes, e lembro de ter gostado muito do livro, mas como não está muito fresco na memória, vou reler esse e ler o "O teorema Katharine" que acaba de sair pela Intrínseca para resenhar os dois com maior propriedade no próximo mês. Mas fica a dica, John Green escreve muito bem!

3 comentários:

  1. Eu Tenho muita vontade de ler esse livro , só tenho um pequeno probleminha com livros tristes.

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    1. Kelly, o livro não é triste, sério. Eu pelo menos saí dele mais forte do que entrei! E olha que já perdi muita gente pra ela doença maldita!

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  2. Ele é muito fofo e nos dá uma lição!

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