sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Pi Patel e Richard Parker: uma dupla inesperada (Carla Cristina Ferreira)



No final do ano passado foi lançado o mais novo filme de Ang Lee, As Aventuras de Pi. Depois que vi o trailer, fiquei interessada e lá fomos nós para o cinema. Só mais tarde é que descobri que o filme é baseado no livro de Yann Martel, “A Vida de Pi”, publicado originalmente em 2004 pela Rocco.

O filme foi uma agradável surpresa, apesar de não concordar com a sutil alteração no título, pois a troca de VIDA para AVENTURAS leva o público a crer que se trata de um filme para toda família, inclusive para crianças e não é bem assim...

No geral o livro aborda a vida de Piscine “Pi” Molitor Patel, a origem do seu nome, sua devoção incomum a Deus e como durante uma viagem da Índia ao Canadá, seu navio afunda e ele se vê sozinho em um bote salva-vidas com uma zebra, um orangotango, uma hiena e um tigre.

Vou já adiantando e dizendo logo que não se trata de um livro de leitura fácil, pois parece muito com uma novela, onde cenas muitas vezes sem sentido para a trama acabam se sobrepondo ao que realmente interessa. O livro é bom, mas não é qualquer pessoa que encara; pois é preciso bastante abstração, principalmente quando chegamos ao final da história.

Algumas cenas são bastante fortes e requerem certo estômago, mas a leitura compensa. O livro é cheio de mensagens que nos fazem olhar para dentro de nos mesmos. Como, por exemplo, quando três líderes espirituais se encontram com Pi e sua família e o intimam a escolher uma religião, pois Pi quer ser hindu, cristão e muçulmano  Sua reposta para questão é simples: “Gandhi disse: ‘Todas as religiões são verdadeiras’. Eu só quero amar a Deus”. Que tapa na cara para aqueles que acham que a sua religião é melhor do que a dos outros, deixando assim todos constrangidos.

Nossa avaliação  8.5
Outras questões são levantadas ao longo do livro, mas a fé de Pi nunca é contestada, ela permanece firme, seja ela na Virgem Maria, em Alá ou em Vishnu.

É claro que todo o clímax se concentra em sua permanência no bote e em como irá sobreviver mediante as circunstâncias. É interessante como Pi descreve que o medo é o único verdadeiro adversário da vida; só o medo pode derrotar a vida, pois ele é inteligente e traiçoeiro”.

Imagine você em um bote com um tigre que a qualquer momento pode fazer você em picadinhos. Agora imagine que é exatamente esse tigre a única razão que o impele a viver, pois sem ele você já taria desistido de viver, ao se deparar sozinho com o seu desespero.

O livro é muito subjetivo e cada um tem uma interpretação diferente dos fatos e vai levar uma mensagem diferente para si, mas o fato é que a leitura, tanto quanto as imagens espetaculares de Ang Lee, nos transporta para outro plano, onde passamos a ter consciência de nos mesmo e de Deus.




4 comentários:

  1. Se entendi bem é um livro com mensagens subentendidas? Realmente não é o tipo de leitura fácil, o que não significa que não é interessante, não é mesmo?
    Beijos,
    Rafa
    Blog Melody
    http://rafaacarvalho.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Tem algumas mensagens sim, Rafa. Apesar da dificuldade, acho que a leitura vale a pena, mas se está na dúvida veja o filme antes.
      Bjs.

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  2. Eu assisti ao filme e gostei muito. Vale a pena!

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  3. muito interessante, quantas vezes, em nossas vidas estamos nesse bote? amei o filme,,,abraço, lucia silva

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