Não dá
para falar em literatura brasileira sem falar de José de Alencar. Nascido no
bairro de Messejana em Fortaleza, em 1829, este cearense arretado foi o grande
autor de muitas obras famosas e inspiradoras (pelo menos para mim). Jornalista,
político, advogado, orador, crítico, cronista, dramaturgo... Alencar deu foi pano pra manga. Estreou como
romancista em 1856 com “Cinco Minutos”, mas foi em 1857 que alcançou o sucesso
com “O Guarani” (o meu preferido). É bom lembrar que naquela época os romances
eram publicados em forma de folhetins nos jornais e só depois eram lançados em
livros.
Sou muito suspeita para falar de José de Alencar: de
todos os autores nacionais de literatura clássica ele para mim é o melhor. O
primeiro romance dele que parou em minhas mãos foi “O Guarani” isso já na época
da faculdade, porque infelizmente o meu colégio não focava muito na leitura
extracurricular, então acabei não lendo no colégio nenhum desses livros
obrigatórios. Foi procurando algo para ler que olhei para a estante de casa e
dei de cara com o livro mais grosso e fiquei pensando, será que isso é bom? Na
época, a minha mãe estava colecionando uns livros que eram vendidos junto com O
Globo. Muitas vezes me perguntei por que ela comprava esses livros, porque lá
em casa ninguém curte ler e confesso que só fui pegar gosto pela leitura na
fase do vestibular.
Então lá estava eu nas férias da faculdade sem nada para
ler, quando resolvi dar uma chance ao Zézinho. Apaixonei-me de cara! Primeiro
porque tenho um fascínio enorme por detalhes e descrições e Alencar conseguiu
me dragar para dentro do livro com todas as informações sobre a paisagem, as
personagens, os confrontos. Muita gente não gosta de detalhismo e concordo que
em alguns momentos pode ser chato e apenas uma encheção de linguiça, mas aqui
não é o caso.
O romance aborda metaforicamente a criação da civilização
brasileira: a chegada dos europeus, a suplentação dos indígenas e a destruição
de uma sociedade portuguesa para o surgimento de uma união entre europeus e
indígenas, nascendo assim a nossa nação brasileira.
Nossa Avaliação - 8.5 |
Durante a confusão Álvaro é ferido e Isabel acreditando
que seu grande amor morreu, leva-o para seu quarto, fecha todos os postigos e
inunda o ambiente com incensos e óleos perfumados com a intenção de morrer
asfixiada pela fumaça perfumada, junto ao corpo de Álvaro. Ao perceber que este
ainda vive, Isabel tenta, usando suas últimas forças, abrir os postigos, mas
Álvaro, ao aceitar o amor de Isabel, prende-a com um beijo, morrendo assim os
dois juntos. Nem preciso dizer que essa é a melhor cena do livro, preciso?
Chorei e tudo quando li pela primeira vez!!!
Como eu já contei demais, o final fica para os curiosos
que estiverem a fim de desbravar 253 páginas. Como as obras de José de Alencar
estão em domínio público, quem tiver interesse pode baixar seus livros
clicando aqui.
Aproveitando o gancho, vou falar um pouquinho de outras
duas obras de Alencar que me marcaram muito. Depois que li “O Guarani”, fiquei
louca de vontade de ler outros livros de José de Alencar, então uma amiga me
emprestou “Senhora” que eu também adorei.
Nossa Avaliação - 8.5 |
O acerto de contas chega na noite de núpcias quando
Fernando feliz da vida por ter se casado com Aurélia, a quem ainda ama, e
agora um homem rico, recebe a notícias que foi “comprado” para exercer o papel
de marido de uma mulher da alta sociedade. Assim, passam a dormir em quartos
separados e o relacionamento é regado de ironias, sarcasmos e ofensas (os diálogos
entre os dois são ótimos).
Aurélia é uma mulher forte e determinada, que apesar do
seu amor por Fernando, não quer deixar barato a humilhação que passou ao ser
trocada por um dote. Em várias ocasiões ela quase chega a jogar a toalha,
colocar sua vingança de lado e admitir que o ama, mas o orgulho sempre acaba
falando mais alto, sobrepondo seus sentimentos. Aurélia é uma mulher a frente
do seu tempo, pensante, independente e que se opõe a muitas das regras impostas
pela sociedade da época.
Nossa Avaliação - 8.0 |
Independente dessa frieza, Paulo acaba preso em uma
armadilha que ultrapassa os limites do sexo, apaixonando-se e desejando a mulher por trás da
cortesã. Acreditando nesse amor, Lúcia afasta-se da corte e passa a se dedicar
ao seu amor. Em meio a brigas, idas e vindas, Lúcia acaba abrindo seu coração e
revelando que na verdade se
chama Maria da Glória e que seguiu essa vida após entregar-se a um homem por
dinheiro, dinheiro este que foi usado para sustentar seu pai doente e sua irmã
pequena. Ao descobrir como Maria da Gloria conseguiu dinheiro para comprar
comida, o pai expulsou-a de casa, restando apenas o caminho da prostituição.
Lúcia não pensa duas vezes em fazer o que é preciso
para ajudar a sua família, nem em dar a volta por cima e se prostituir para
sobreviver, mas deixa o nome de lado assumindo um personagem de forma que suas
ações não afetem a vida da irmã.
O final pode decepcionar um pouco, mas levando-se em
consideração o ano de 1862, quando o livro foi publicado, e a sociedade
conservadora da época, não seria possível terminar esse romance com um “e
viveram felizes para sempre”. Assim, o desfecho mostra a purificação da vida mundana
de Lúcia através do amor.
Por essas duas obras, considero José de Alencar um autor
a frente do seu tempo, por trazer para aquela época personagens femininas tão
marcantes. Tanto que em 2005 a Record exibiu a novela Essas Mulheres, onde as
protagonistas Aurélia, Lúcia e Mila (Emília de “Diva”) são amigas que vêem o
destino separá-las, mas que continuam ligadas. Apesar das adaptações feitas
para adequar os três romances, posso dizer que como fã de Alencar o trabalho de
criação não deixou nada a desejar. Vale a pena conferir.
Confiram outras obras do autor:
Maneiríssimo!!! As mulheres revolucionam à décadas.
ResponderExcluirMais uma vez, parabéns meninas!
Foi com José de Alencar que iniciei minha jornada de leitura na vida. Lembro de ser convencida a gostar da lingua portuguesa por uma professora, e esta me fez ler Senhora, um livro que mudou a minha vida.
ResponderExcluiroie
ResponderExcluirEu gosto muito do José de Alencar. Meu livro favorito dele é "Senhora"
adorei seu blog
estou te seguindo, segue o meu tambem
http://lostgirlygirl.blogspot.com.br/
@lostgirlygirl
bjos
Não sei porque tem gente que odeia José de Alencar. Eu ADORO "O Guarani" e li também "Senhora", "Lucíola" e "Iracema". Fiz um trabalho pra Ana Cristina - lembra da teacher de Lit. Brasileira, Carlinha - sobre romances indianistas de José de Alencar. Um dos poucos 100 da minha vida na PUC! kkkkkk
ResponderExcluirSou super suspeita pra falar pq tb li "Iracema", "Cinco Minutos" e "A Viuvinha". Simplesmente ADORO!!!
ResponderExcluiradorei
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