sexta-feira, 20 de março de 2015

Os exageros de Ripper (Carla Cristina Ferreira)

Nossa avaliação - 6.5

Para o desafio do Skoob do mês de março (livros escrito por mulher), escolhi o último livro da célebre escritora chilena Isabel Allende, “O Jogo de Ripper”, publicado pela Bertrand Brasil.

No primeiro romance policial da autora conhecemos Amanda, filha do inspetor-chefe Bob Martin e da “curandeira holística” Indiana Jackson. A adolescente de 17 anos é mestra do Jogo do Ripper, um jogo de RPG online no qual os participantes tentam capturar Jack, o Estripador. Porém, após um assassinato bizarro, Amanda e seus amigos jogadores, juntamente com seu avô Blake, passam a investigar crimes reais com a ajuda de informações vindas diretamente do Departamento de Homicídios da Polícia de São Francisco.

Obcecada por crimes e mistérios indecifráveis, Amanda é uma devoradora de livros bizarros e filmes do gênero e não se choca facilmente com cenas atrozes, pelo contrário o assunto a atrai. Assim, Amanda e seus amigos passam a ficar sempre um passo a frente da polícia, desvendando pistas deixadas pelo assassino até que uma pessoa muito próxima à garota acaba se tornando a próxima vítima.

No geral, o livro é bom, mas Amanda é um tanto infantil para uma garota de 17 anos que sonha em se casar com um carinha que só conheceu pela internet, mas que ao mesmo tempo tenta se transformar no ícone dos detetives a la Sherlock Holmes que não precisam de relógio para saber as horas porque se treinou para saber a hora exata naturalmente. O.o

Sem contar que não suporta contato físico, se acha a mestra em xadrez, mas em contrapartida regride para os 5 anos de idade quando a pessoa próxima a ela é sequestrada.

Outro ponto contra é da autora perder muito tempo detalhando a vida dos personagens, inclusive dos secundários. Vejamos e convenhamos que não faz sentido saber da vida do garçom do café ou do zelador da clínica se estes não são importantes para a trama. Até mesmo personagens essenciais como o navy seal Miller tem a vida destrinchada ao extremo, algo que chega a ser cansativo.

O vilão também fica evidente logo no início, assim como sua motivação; por essas e outras não dá para considerar o livro como um gênero policial sério. Até porque, a própria Allende deu várias entrevistas que não gosta do gênero (acha repulsivo, violento e sombrio) e que só escreveu esse livro como uma brincadeira, para ver no que dava, e que foi preciso muita ironia e deboche para concluir o projeto.

Ah! Vale ressaltar que a autora faz menção a várias obras literárias e cinematográficas ao longo do livro, como a saga “Crepúsculo” e a trilogia “Millennium”, e a “A Espera de um Milagre” e a “Cinquenta Tons de Cinza”.

Valeu a leitura como uma distração e para ver como a autora se sairia em um campo totalmente desconhecido, mas fico agradecida que ela não vá mais se aventurar por esse caminho; acho que ela não leva jeito. ;-)

Abaixo outros livros já resenhados da autora:


3 comentários:

  1. Eita... sabe uma que se aventurou e até deu certo, a J.A. Redmerski! Eu gostei do livro de suspense dela.
    Como ainda não li nada da Allende a não ser A Casa dos Espíritos, nem vou opinar!
    Beijos

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  2. Nunca li nada da Allende e pretendo começar com A ilha sob o mar, que tenho aqui em casa. Já li outras resenhas não muito elogiosas a O jogo do Ripper que comentaram o que você também abordou, então pelo menos por enquanto não fiquei com vontade de ler esse livro.

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    1. Ligia, já leu nossa resenha de "A Ilha sob o Mar"? Eu adorei o livro e espero q vc goste tb!

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