sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Perseverança, ciência e bom-humor para sobreviver em Marte (Renata Lima)



Antes de falar sobre esse livro, é mais do que necessário eu dizer que não sabia do que se tratava, não tinha lido a sinopse e comecei a ler única e exclusivamente porque é ficção científica - e eu estava lendo muito romance - e porque gostei da capa e da opinião da Martha (que leu o livro para o Desafio das Estrelas do Facebook).

Apesar de não saber exatamente o que esperar, o livro me surpreendeu - e muito! - ao tratar de um tema que normalmente associávamos aos ETs, associação essa que vem mudando ao longo dos anos, principalmente através de filmes como Gravidade e Interestelar


Nossa Avaliação - 9.0
"Perdido em Marte" de Andy Weir, lançado aqui no Brasil pela Arqueiro, conta a história de Mark Watney. Mark é botânico e astronauta e integra a terceira missão Ares em Marte com o objetivo de estudar o planeta como um todo, principalmente seu solo. 

Junto a Mark estão outros astronautas: Alex, Chris, Lewis, Martinez e Johanssen, cada um especialista em áreas diferentes. Como treinaram juntos durante muitos anos, Mark considera os astronautas sua família e é considerado o mais bem-humorado de todos, algo que vamos notar bastante durante o livro.

Logo no início, somos surpreendidos, assim como os astronautas, que estavam em Marte por apenas poucos dias (ou sóis, como eles contam), por uma tempestade de areia de maior magnitude do que estavam acostumados. Ao tentar sair do planeta acessando o VAM (Veículo de Ascensão de Marte), Mark é atingido por uma das antenas de comunicação e arrastado pela tempestade para longe do resto da equipe. Incapazes de encontrá-lo no meio da tempestade e com o aviso de que a roupa espacial de Mark foi severamente danificada, os outros astronautas precisam tomar uma decisão indigesta: deixar Mark, ou o corpo dele, como eles acreditavam, para trás!

O problema está aí: Mark está bem vivo. Ferido, com um buraco enorme na roupa especial, mas vivo! E ao acordar no planeta estranho e descobrir-se sozinho, ferido, e, pior ainda, sem comunicação com a Terra, com o VAM ou a nave espacial que conduzirá os astronautas de volta à Terra, Mark, em vez de se desesperar, começa uma espécie de diário que posteriormente será intercalado com os acontecimentos na Terra e na nave espacial. 

Mark agora tem ciência de que precisa enfrentar o problema de frente e, depois de remediar seus ferimentos e remendar seus trajes, ele começa a racionalizar toda a situação. Caso consiga comunicar-se e fazer com que descubram que ainda está vivo, Mark teria quatro longos anos de espera pela frente, já que uma missão da grandeza que é enviar uma nave espacial à Marte não acontece assim tão rápido. 

Decidido a se manter otimista, Mark começa sua jornada para se manter mentalmente e fisicamente saudável durante o tempo que precisar naquele ambiente inóspito. Ele agora conta apenas com suas habilidades botânicas e técnicas e com os objetos deixados em Marte pela própria Ares 3 ou pelas missões anteriores. Mas se seu primeiro pensamento, como naturalmente seria o de qualquer um, é permanecer vivo, o segundo é restabelecer contato com a Terra e para isso ele precisará se deslocar longas distâncias no planeta esburacado para resgatar peças de outras missões, um risco enorme a se correr em sua situação precária.

Aos poucos vamos acompanhando essa odisseia de Mark que, cheio de termos técnicos misturados com bom-humor e tiradas sarcásticas, consegue prender o leitor da primeira à última página. Enquanto muitos - eu inclusive - se desesperariam antes do fim da primeira semana - Mark passa os meses em uma maquinação sem fim assegurando sua sobrevivência e desenvolvendo planos engenhosos para, inclusive, providenciar comida quando não houver mais das refeições prontas - sim, porque nesses quatro anos, um dia elas irão acabar, assim como a água! 


Quando Mark começa a escrever no diário de bordo, um dos seus objetivos é tirar a culpa dos ombros de seus amigos astronautas e, portanto, ele às vezes dialoga - e implica - com cada um deles, principalmente sobre os gostos musicais, sobre as leituras e os filmes e séries abandonados pelos mesmos. Há partes hilárias! O outro objetivo, caso sobreviva, é explicar, nos mínimos detalhes, como sobreviveu, o que fez, com que objetos ele contou, por isso muitos reclamaram que há muitos termos técnicos que confundem em vez de explicar. Particularmente, acredito que foi todo o linguajar técnico que deu credibilidade ao livro e às habilidades de Mark, porque se nada estivesse explicado nos mínimos detalhes todos ficariam descrentes e teríamos então a sensação de estar assistindo a um episódio de MaGayver (Quem viveu nos anos 80 vai entender! O cara fazia uma bomba com um pelo de cachorro, cuspe e raspas de tinta de parede!)

Eu poderia contar mais sobre o livro, mas não vou porque grande parte da graça dele está na surpresa do que acontece quando a NASA finalmente descobre, depois de algum tempo, através de satélites, que Mark está vivo e seus companheiros astronautas já estão longe, fazendo o caminho de volta para o nosso lindo planeta azul. Homenagens foram feitas, um enterro simbólico transmitido ao vivo para o mundo todo. O que fazer agora? Resgatar Mark é um risco - e um gasto - muito grande, mas não resgatá-lo é ter toda uma nação, todo um planeta, contra a NASA e o governo americano e eles não podem se expor dessa forma.


Como será que Mark conseguirá sobreviver no planeta vermelho pelo tempo necessário para que seu resgate chegue? O que pode acontecer se houver outra tempestade de areia igual ou pior que a primeira? Como Mark vai conseguir viver quando a comida, o oxigênio, o local sobre sua cabeça, começarem a acabar e a ruir?

Só a título de informação, o nome do livro em inglês é The Martian, ou seja, O Marciano, e o personagem faz várias referências a como ele é na verdade o primeiro habitante de Marte e, portanto, o primeiro verdadeiro marciano! Não sei porque a editora optou pelo "Perdido em Marte", mas não acho um título ruim.

Os direitos do filme foram adquiridos assim que o livro foi lançado pelo nada bobo Ridley Scott (que também será o diretor). A previsão de lançamento é 25 de novembro de 2015 nos cinemas americanos, mas ainda não há data de lançamento no Brasil. O papel principal será de Matt Damon!


Quem está ansiosa, eu? Muito!

Leiam o livro. Vale muito a pena!

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