sexta-feira, 25 de julho de 2014

ENTREVISTA FML PEPPER (Renata Lima)

A autora da trilogia Não Pare!: FML Pepper
A primeira coisa que eu gostaria de salientar é que a Pepper foi um amor desde o meu primeiro contato com ela! Colocou-se à disposição para a entrevista, trocamos vários recados no Skoob  e em menos de uma semana já tínhamos todos os detalhes: nos falaríamos pelo Skype na 3ª feira (único dia que ela deixa livre para organizar sua semana). Sim, Pepper é super organizada, disciplinada, decidida!

Quando começamos a entrevista, Pepper disse que estava trabalhando no terceiro e último livro da trilogia Não Pare! intitulado “Não Fuja!” afirmando que está lutando para amarrar as pontas e não deixar qualquer furo no final dessa história de tirar o fôlego. A previsão de lançamento do e-book é no final desse ano e o impresso sai pela Editora Valentina no ano que vem.

Contando um pouquinho da sua trajetória, FML Pepper falou sobre o seu início nas mídias sociais, como começou a escrever, seus projetos futuros, sua jornada como mãe, esposa, leitora e escritora e muito mais. Confiram!

SSL: Primeiro, eu queria dizer que a gente fica extremamente feliz em ler um livro como o seu, porque ainda existe um grande preconceito contra a Literatura Nacional. Como você decidiu que ia publicar seu primeiro livro de forma independente?
FML Pepper: Quando a Amazon entrou no Brasil, eu pensei que esse era o momento de ver como as mídias iam funcionar. Tive que aprender do zero, porque era uma negação em Facebook, Twitter e além do mais eu sou dentista, estava com meu filho pequeno, trabalhava o dia todo e chegava em casa dava uma atenção pra ele e pro marido e ia pro computador. Ficava lá entre 23h e 1h da manhã e no dia seguinte começava tudo de novo! E quando eu comecei a conversar com as pessoas, notei que havia um preconceito absurdo! As pessoas nem cogitavam ler livros nacionais, e isso melhorou muito de um ano e meio para cá com a vinda dos e-books, porque como eles são mais baratos as pessoas começaram a apostar mais, pegar livros de graça, livros mais baratos, notando que existem autores estrangeiros excelentes, mas nós também somos capazes de fazer literatura de qualidade aqui!

SSL: E tem também a questão de ser Literatura Fantástica, certo? Porque os romances, os autores consagrados, tipo Rubem Fonseca, Chico Buarque, Paulo Coelho, eles ainda vendem mais do que os autores novos, principalmente do que os autores de Literatura Fantástica e Sobrenatural.
FML Pepper: Exatamente, romance e auto ajuda. O Brasil produz muito livro de auto ajuda, seja auto ajuda fictícia como Paulo Coelho, Augusto Cury, nós somos o país da auto ajuda e do romance, então quando se fala em ficção, em livros fantásticos e sobrenaturais, o pessoal ri. Então o preconceito foi duplo.

SSL: Mas algumas pessoas conseguiram se destacar, como o André Vianco, o Raphael Draccon...
FML Pepper: Eles são maravilhosos. Eu adoro literatura fantástica, para mim sempre tem que ter uma pitada fantástica nas histórias. O fato é que a gente começou depois, né? Estamos muito atrás dos outros países, mas isso não impede que a gente tente. Eu sou uma sonhadora, eu acredito muito nas coisas, eu tenho fé. Eu acredito que pra todo mundo vai melhorar, é o meu temperamento, então eu vou trabalhando, fazendo as coisas e acredito que Papai do Céu de alguma forma vai falar “você fez o seu, agora eu vou fazer o meu” então eu acredito que o Brasil vai pra frente. Acredito que daqui a cinco anos, veremos outro Brasil, com um novo pensamento sobre essa questão da literatura nacional.

SSL: E uma das questões que você abordou sobre os preços do e-book é muito importante porque com essa abertura foi permitido ao autor se autopublicar sem um gasto muito grande, como se fosse fazer uma tiragem impressa, correto?
FML Pepper: Perfeito. Gasto nenhum praticamente. Se o autor deseja bancar do próprio bolso tem a questão da capa, por exemplo, e eu recomendo muito que o livro passe por pelo menos uma revisão. Você pode abrir mão de capista e de tudo mais, não que eu acho que deva, mas você não pode abrir mão de pelo menos um revisor.

SSL: E você tirou tudo do seu próprio bolso?
FML Pepper: Tudo! E no começo é difícil, porque você não sabe a quem você está confiando o seu trabalho. No início eu mesma fazia o copidesque. A pessoa que fez a revisão me ensinou a fazer o copidesque porque ela não tinha tempo. Eu sempre fui muito curiosa, então eu queria aprender porque em determinadas partes tinha que ser caixa alta, a questão dos verbos discente (ou dicendi) e tal. Hoje eu tenho uma noção maior, antes as páginas voltavam todas rabiscadas, hoje voltam mais limpas.

SSL: E é uma das coisas que a gente tem que te elogiar muito, porque outro dia estávamos conversando sobre isso e chegamos à conclusão de que a qualidade editorial das grandes editoras tem caído muito. Em um livro autopublicado, a gente entende que passe algumas coisas, às vezes a pessoa não tem dinheiro para pagar por esses serviços, mas em um livro lançado pela Intrínseca, pela Rocco, é complicado deixar passar essas coisas e a quantidade de erros está absurda!
FML Pepper:  É verdade, eu acabei de ler “A Seleção” da Seguinte e eu que me considero leiga me via falando “mas isso está errado!” e fui marcando as partes! Fico imaginando as pessoas que têm a vista mais apurada como a sua.

SSL: A situação está complicada mesmo, mas a mudança está acontecendo e a gente não pode deixar de ressaltar que existem editoras (ou selos) muito preocupados com toda essa parte editorial como a Geração Editorial, a Dark Side, a Benvirá, surpreendentemente editoras menores.
FML Pepper: O que acontece é que quando o livro é traduzido, a editora tem que pagar um valor X para adquirir esses direitos. No nacional, tanto o autor quanto a editora fazem um acordo que normalmente envolve um valor de 10% do preço de capa. Claro que isso envolve um risco porque quando uma editora resolve apostar em um livro estrangeiro é sinal de que ele já emplacou lá fora, mas ela já teve que pagar o valor integral desses direitos, enquanto aqui no Brasil, com um autor nacional, ela não paga.

SSL: E a Valentina é uma desses que tem uma preocupação editorial enorme. Li “Fale!” que é um livro editorialmente perfeito!
FML Pepper: A Valentina tem essa coisa que me encantou: a qualidade dos livros. Você manuseia os livros e vê que tem um capricho nas páginas, na capitulação, nos traços, uma preocupação com os detalhes que está ficando cada dia mais difícil de ver. E eu fechei com a Valentina, apesar de terem duas outras editoras interessadas, por causa disso. Outras editoras grandes têm enormes tiragens, títulos super badalados, mas não se vê mais isso. E eu sou aquela leitora que ainda tem paixão pela estante. Eu amo e-book, mas minha estante é abarrotada. O Kindle é conveniente, você transporta para qualquer lugar, é prático, mas quando eu estou em casa, eu pego um livro da estante!

SSL: Nós participamos de um grupo de leitura no Facebook chamado Desafio das Estrelas que nesse mês de julho fez uma maratona de livros nacionais e seus livros é um dos mais lidos e recomendados.
FML Pepper: Ai, que legal!

SSL: Então a gente vai fazer as perguntas enviadas pelas meninas. A primeira delas é que você sempre diz que teve uma infância muito humilde e que via capas de livros nas vitrines e criava histórias para aquelas capas ou inventava finais para os livros paradidáticos que você lia. Como foi passar por isso? Crescer sem os livros?
FML Pepper: Eu fui uma criança muito pobre, mas muito feliz. Na minha época não tinha muito esse negócio de bullying então um implicava com o outro, a gente saia na bolacha no colégio e acabou! Essa questão dos livros é interessante porque meu marido me chama de Forrest Gump desde que me conheceu porque ele diz que eu sei contar uma história como ninguém! Se alguém contasse e depois eu contasse a minha versão, ele até sonhava com a minha história. Eu floreio tudo! Eu estudei em um colégio particular como bolsista. Meus pais ficavam loucos porque tinham que comprar aqueles livros didáticos de matemática e português e não sobrava muito para comprar outros livros. Mas meus amigos tinham muitos livros e quando eles levavam os livros para a escola, eu via as capas e criava as histórias. Eles davam gargalhadas. Muitas vezes, claro, não tinha nada a ver com a história do livro! Eu era uma excelente aluna, mas me dava mal porque eu não gostava dos finais dos livros e acabava mudando tudo. Quando perguntavam “qual é a moral da história” eu falava outra moral e acabava com nota baixa. Eu sempre gostei de aumentar, de florear a história.

SSL: Isso te tornava mais popular?
FML Pepper: De certa forma sim, porque apesar de ter um grupo pequeno de amigas eu acabava sendo a “líder” com as minhas histórias.

SSL: “Pepper” então é porque você é espevitada, falante, uma pimentinha?
FML Pepper: Pepper surgiu porque eu precisava desassociar esses dois universos: a Odontologia e Literatura. A primeira grana que eu ganhei na vida foi aos 16 anos porque a bolsa do colégio acabou e eu tive que começar a trabalhar para interar nesse dinheiro. Aos 16 anos eu já dava aula de inglês para crianças no mesmo colégio. E lá meu apelido era Miss Pepper porque meu sobrenome verdadeiro é Pimentel e também porque eu sempre fui bem agitada.

SSL: E aí você conta que durante a sua gravidez que a Literatura reencontrou você através do seu marido. Você teve que fazer repouso absoluto durante a gravidez e estava beirando a depressão por ficar tanto tempo de cama.
FML Pepper: Eu cheguei a ficar um pouco depressiva sim. Eu tive muita dificuldade de engravidar, meu médico disse que eu tinha que ficar deitada o tempo todo então eu só levantava mesmo para ir ao banheiro. Como eu já tinha perdido outros bebês, o médico disse
“se você quiser esse bebê tem que ser assim”! Eu sempre trabalhei, sempre fui agitada, então chegou uma hora que eu comecei a ficar nervosa. Eu via muito televisão, mas chega uma hora que mesmo a TV paga passa a ser mais do mesmo. Então falei com o meu marido que não aguentava mais. Um belo dia ele chegou com um livro e disse “você já dormiu demais, agora está na hora de começar a sonhar!” E foi aí que tudo começou. Li muitos livros naquele ano e várias ideias começaram a pipocar na minha cabeça, mas só pude começar a escrever quando meu filho estava com um pouco mais de seis meses de idade. Aí eu sentei no computador e fui despejando tudo.

SSL: Você disse que já gostava de livros de ficção antes.
FML Pepper: Sim, mas eu tive que priorizar outras coisas justamente por ser de uma família muito humilde. Eu fiz a faculdade, depois comecei a trabalhar e passei a ser o esteio da minha família. Eu sempre fui a primeira da família de muitas formas, então eu vim nessa caminhada toda trazendo meus pais comigo. O que eles têm de melhor hoje foi o que eu pude oferecer a eles. De certa forma eu ainda sou o esteio da família, não da minha família porque hoje eu tenho meu marido, mas da minha outra família. Quando meu marido me entregou esse livro, eu parecia uma viciada. Eu não acabava os livros, eu emendava um livro no outro, depois no outro. Ele praticamente comprava livros de dois em dois dias porque eu lia os livros em dois ou três dias. Li toda a saga Harry Potter, que é de longe a minha favorita. Jogos Vorazes veio depois, acho que meu filho já tinha uns nove meses. Mas li Jane Austen, Hemingway, uma paixão da minha vida que é “E o Vento Levou!”, Paulo Coelho, Nicholas Sparks, biografia de Tom Jobim e outras biografias e a saga Crepúsculo, que muita gente taca pedra, foi esse o primeiro que ele trouxe para mim! Acho a Stephenie Meyer um tanto prolixa, mas foi graças a ela que eu retomei a leitura.

SSL: E depois dela apareceu muita fanfic. Você pensou em fazer fan fiction?
FML Pepper: Eu era completamente ignorante nas mídias sociais. Achava que para escrever fan fiction a pessoa tinha que ficar todo dia no computador postando histórias. E eu estava retomando a minha vida profissional, perdi muitos pacientes, tinha que reabrir o consultório e tal. Não teria tempo para isso. Depois eu fui entender que não era isso, mas a minha onda era escrever mesmo, criar.

SSL: Como começou a história do livro em si? Você acordou um dia e pensou “e se eu fizesse uma história assim”?
FML Pepper: Não... Eu estava lendo “A Menina que Roubava Livros” do Marcus Zusak e pensei assim “e se a Ceifeira tivesse sentimentos?”, porque é a Morte que narra o livro, né? Então pensei “e se a Morte se apaixonasse pela garota?” Eu sempre tive um interesse em saber mais sobre a morte, acho que todo mundo tem isso “O que acontece depois da morte? Quando tempo nós temos?” Aí eu pensei, e se a Morte se apaixonasse pela pessoa que ela vem buscar. Uma leitora depois me disse que tem um filme do Brad Pitt em que ele faz o papel da Morte, e eu nem sabia que tinha (referência ao filme “Encontro Marcado”), mas fui procurar e vi que não tinha nada a ver com o meu livro. Fiquei até aliviada, porque uma coisa que eu faço questão é de fazer um jejum de livros enquanto estou escrevendo justamente para não ser influenciada. O meu sonho era fazer algo único. Claro que nunca vai ser único porque sempre existe uma limitação, existem arquétipos, essa dualidade bem x mal, esse conflito... não tem como fugir disso, mas é por isso eu não quero nenhuma influência de nenhum autor, então deixo tudo parado e depois retomo. Na minha cabeça eu só queria uma coisa nova, voltada para o público infanto-juvenil ou YA, dos 15 aos 18 anos porque é um universo que eu lido muito bem, em especial para as meninas dessa idade. Por isso eu fiz a Nina bem imatura porque aos pouco a Nina precisa amadurecer. Quando me dizem que a personagem é medrosa, é chata, é assim que as adolescentes são. Já existe um amadurecimento no segundo livro e no terceiro ela é mais corajosa que eu!

SSL: E tudo que ela passa no primeiro livro, mais o fato de não saber quem é o pai acabam levando a um amadurecimento precoce também, correto?
FML Pepper: Sim! Eu convivo com pessoas que perderam um dos pais ou que não tiveram um deles presente por um motivo ou outro (abandonos em vida), e realmente fica uma lacuna em branco na vida daquele adolescente. No geral fica uma cicatriz, uma sensação de vazio. Eu queria uma Nina frágil, queria uma Nina chata. Muita gente diz que eu posso reescrever por ser e-book e dar outra cara à personagem, mas se eu fizesse isso não estaria sendo fiel à mim mesma, nem aos meus personagens.

SSL: E tudo que ela passa no primeiro livro, mais o fato de não saber quem é o pai acabam levando a um amadurecimento precoce também, correto?
FML Pepper: Sim! Eu convivo com pessoas que perderam um dos pais ou que não tiveram um deles presente por um motivo ou outro (abandonos em vida), e realmente fica uma lacuna em branco na vida daquele adolescente. No geral fica uma cicatriz, uma sensação de vazio.

SSL: A impressão que eu tenho é que é uma trilogia do tipo Harry Potter no sentido de que cresce junto com os leitores. No primeiro livro nós temos o Harry de 11 anos e no último um Harry de 17.
FML Pepper: Harry Potter é a grande paixão da minha vida, ultrapassou todas as barreiras. É um orgulho amadurecer um personagem que chegue aos pés do amadurecimento do Harry.

SSL: Você disse que levou três anos para escrever o livro todo e que ele tinha mais de 1000 páginas. Era um livro só ou já eram todos juntos?
FML Pepper: O que eu digo que levou três anos foi o “Não Pare!” e o “Não Olhe!” juntos. Eu escrevi a história e queria amigos com os quais eu pudesse conversar, bater papo, trocar ideia, não falar mais sobre obturação de dente que eu não estava mais aguentando, então me inscrevi em todos os cursos online da Writer's Digest lá de fora porque não achei que aqui no Brasil fossem dar bola para mim. Fiz tudo pela internet. Então, por conselho de uma agente lá de fora, eu dividi o livro em duas partes de mais ou menos 70 mil palavras cada, porque tudo tinha 150 mil palavras por aí e ela disse que nenhuma editora apostaria em um autor iniciante com um livro tão grande. Aí tive que enxugar muita coisa pra chegar nesse valor: “Não Pare!” acho que tem 73 mil palavras, “Não Olhe!” tem mais ou menos 103 mil palavras e “Não Fuja!” vai ficar por volta das 110 mil palavras. Se fosse publicar tudo daria umas 1200 páginas! Ela me deu orientação por uma semana e pediu que eu focasse na ação, então tive que só refazer o final de “Não Olhe!”.

SSL: E como você fez para escrever essa história sem perder os personagens pelo meio do caminho?
FML Pepper: Infelizmente a gente sabe que não vai agradar a todos. Algumas pessoas já me pediram um livro sobre a Stela, a mãe da Nina! Meu marido ficou chateado porque eu matei uma pessoa importante no livro (não posso dizer porque é no terceiro livro), mas infelizmente é assim que é. Não tem como entrar profundamente nos detalhes de cada personagem. Eu queria saber mais sobre a família do Rony em Harry Potter, tive que assistir a entrevistas da J.K. Rowling para saber que o Dumbledore era homossexual, claro, como fã, a gente quer saber sempre mais! Dentro do possível, eu tentei desenvolver os personagens principais, mas com certeza alguns personagens ficarão ao fundo. Imagine ter que desenvolver cada personagem? O livro ficaria imenso e nenhum editor quer isso. A minha ideia é disponibilizar pequenos contos depois contando mais de um ou outro personagem e cobrar 0,99 ou disponibilizar gratuitamente. Ainda estou amadurecendo essa ideia.

SSL: Você tem alguma rotina para escrever? Você fez uma lista de personagens, fez um mural?
FML Pepper: Mais ou menos. Eu gosto de escrever na parte da tarde porque não consigo produzir nada na parte da manhã, até porque tem esse agito de acordar filho, colocar ele pro colégio e tal. Terças-feiras são meus únicos dias completamente livres então é o dia em que eu mais produzo. Não preciso de silêncio absoluto, tenho cachorros em casa, mas se meu filho não estiver ou estiver dormindo, eu consigo desenvolver bem. Mas se meu filho estiver do lado, ele prende toda a minha atenção.
Não fiz lista de personagens, só fiz um esqueleto, coloquei em tópicos tudo que eu queria que acontecesse naquele capítulo. Eu sei para onde eu estou indo. Como eu vou preenchendo vai fluindo à medida que vou escrevendo.
E falando na linguagem popular, tenho que ter tesão por aquilo que eu escrevi porque se eu for reler e achar que não ficou bom, vou lá e apago. Já apaguei 5 mil palavras! Eu tenho que olhar para aquilo e falar “amei”! Se eu achar mais ou menos, eu salvo, deixo no cantinho e depois vou olhar de novo. Eu às vezes perco três semanas de trabalho por causa disso.

SSL: Mas isso também não se deve ao fato de que escrever pra você não é uma profissão? Aliás, poucos conseguem viver de Literatura no Brasil. Geralmente a pessoa é escritora e tem outra profissão que serve para se sustentar.
FML Pepper: Só Paulo Coelho e Augusto Cury (brincando). Sim, pode ser por isso que eu tenho essa liberdade, não tenho deadline, não tenho editora que fica me cobrando o livro. E o fato de ser autopublicada me dá uma liberdade de melhorar o livro. Eu posso sentir a resposta do público e duas semanas depois atualizar o livro. E digo pra você: se tiver que trabalhar com contratos muitos curtos, não fecho contrato! Eu fechei com a Valentina para a trilogia, mas ainda não fechei nada dos meus outros projetos.

SSL: E como andam esses projetos futuros?
FML Pepper: Eu tenho uma ideia bem avançada de um new adult atual com toques de fantástico. Vai ser bem diferente de “Não Pare!”. A minha ideia sempre foi manter o público, mas não necessariamente manter o gênero. Eu me sinto bem escrevendo para os jovens, não sei se gostaria de escrever para adulto. Eu me identifico muito com essa parte Young e new adult. Mas eu gosto de suspense, de ação...
E tenho uma ideia muito crua de uma distopia, mas essa ainda não tem esqueleto e para mim se não tem esqueleto ainda não posso chamar de livro.

SSL: Muita gente tem escrito cobrando o último livro, você fica chateada com essa cobrança?
FML Pepper: Eu adoro. Adoro mesmo. Se você for na Amazon e olhar as classificações de “Não Pare!” é 5 estrelas ou 1 estrela, ou seja, ame ou odeie. Eu adoro o que é passional. O que é morno não vira blockbuster. Acho que essa cobrança é a melhor coisa do mundo. Imagine um cantor que fale “não canto mais essa música, tô de saco cheio dela” quando os fãs pedem uma música? Essa é a maior prova de que as pessoas te adoram. Eu fico chateada quando há uma agressão ao autor e não aos personagens.
No início eu ficava chateada ao ouvir que eu não era patriota, que deveria sair do Brasil porque minha história não se passa aqui e não tem personagens brasileiros, mas hoje eu não esquento mais. O que está em avaliação é o livro, não eu. E essa confusão me deixava um tanto chateada, porque a pessoa que quer criticar tem que saber falar sobre a história, se a história é boa, se a história prende, se os personagens são interessantes, não de mim. Ninguém me conhece.

SSL: Você conhece os lugares que você descreve no livro?
FML Pepper: Como no Brasil eu não tinha chances, a minha ideia inicial era publicar no mercado americano, então eu decidi escrever sobre lugares familiares ao público americano que foi Nova York e uma pequena parte se passa em Amsterdam. Foram lugares que eu conheci na minha vida e pelos quais me apaixonei. E Nina é o nome que eu daria para a minha filha se fosse menina.

SSL: A Nina é sua personagem favorita?
FML Pepper: Vou dar uma pista: tem olhos azuis turquesa! O Richard é um personagem que me encantou tanto que até pouco tempo eu não sabia que fim daria a ele e à relação dele com a Nina. A Nina eu sempre soube o final dela, porque ela existia, mas o Richard não, talvez por causa da dualidade do personagem. Eu não gosto de herói bonzinho demais, apesar de amar o Peeta, que na versão americana tinha uma pitada de sarcasmo que não veio com ele na tradução para o português nem para o filme. Não pode ser príncipe encantado, sabe? Príncipe Encantado não existe.

SSL: Você disse que é mãe de um menino de quatro aninhos, é casada, tem cachorros, trabalha, como no meio disso tudo você encontra tempo de ler e de escrever?
FML Pepper: É uma questão de disciplina. Eu sempre fui muito disciplinada. Eu coloco metas, prazos, se precisar não durmo. E enquanto estiver com a vida ocupada assim eu estou feliz: é sinal de que as pessoas precisam de mim e que eu posso ajudar de alguma forma. Se o tempo sobra, eu acho que sou desnecessária. Eu não tenho agenda nem nada, eu tenho uma folha em branco que coloco tudo que eu tenho para fazer naquele dia. E vou riscando na medida em que vou fazendo.

SSL: Pepper, muito obrigada, você é uma simpatia! Deixa uma mensagem de encerramento para os seus fãs, nos quais eu me incluo!
FML Pepper: Muito obrigada pela entrevista, amei muito! E a me
nsagem que rege a minha vida é praticamente um mantra: a distância entre o sonho e a realização está no caminho que você decide tomar. Ou seja, se você não acreditar nos seus sonhos, se você não correr atrás dele, uma hora os seus sonhos vão desistir de você.


PS: A FML Pepper está sorteando camisas, livros e um Kindle no grupo do Facebook. Para concorrer, você precisa ter um BLOG LITERÁRIO e compartilhar a foto em um post do blog. Assim que o grupo atingir o número de 500 blogueiros o sorteio será realizado. 

2 comentários:

  1. Adorei a entrevista Renata,
    A Pepper realmente é muito simpática e merece tudo o que está colhendo agora.
    Uma batalhadora.
    Ansiosa pelo terceiro livro.
    Você arrasou amiga,
    bjs
    Luana
    www.blogmundodetinta.blogspot.com

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    1. A FML é uma fofa!!!!!!!!!

      Um beijo e obrigada pela ajuda, Lu!

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