sexta-feira, 30 de maio de 2014

Desafios: De livros adaptados a biografias (Renata Lima)


Como sempre, o último post de maio é para falar dos desafios do mês.

O Desafio do Skoob era ler uma biografia. Eu li "Os Caminhos de Mandela" de Richard Stengel, "Sua Voz Dentro de Mim" de Emma Forrest, "3096 Dias" de Natascha Kampusch e "Meu Amigo Michael" de Frank Cascio.

O Desafio das Estrelas era ler um livro que foi adaptado para a TV ou para o cinema. Eu li "Odd Thomas" de Dean Koontz, "O Cirurgião" de Tess Gerritsen, "A Mulher do Viajante no Tempo" de Audrey Niffenegger, "Sua Voz Dentro de Mim" de Emma Forrest, "The 100 - Os Escolhidos" de Kass Morgan, "Saco de Ossos" de Stephen King, "Dias Perfeitos" de Raphael Montes e "3096 Dias" de Natascha Kampusch. (O que não tem resenha ainda, entra no mês que vem!)

O Desafio Extra do Desafio das Estrelas foi ler um livro que tivesse a ver com casamento. Eu li "Noiva de Ocasião" de Liz Fielding, "Para sempre" de Ana Maria Machado, "Noiva por Encomenda" de Michele Ann Young, Billie Warren Chai e Kimberly Ivey e por fim "Belo Casamento" de Jamie Mcguire. (Nenhum me deu vontade de escrever uma resenha, talvez  faça uma de "Noiva por Encomenda" que foi o melhor de todos eles, mas se tiver algo específico que vocês queiram, deixem nos comentários. Como já tem um monte de gente falando sobre "Belo Casamento", achei que ia ficar muito repetitivo.)

Hoje escolhi falar para vocês sobre os livros "3096 Dias" Natascha Kampusch e "Meu Amigo Michael" de Frank Cascio, duas biografias muito diferentes entre si, mas com o ponto em comum de tratarem de duas pessoas confrontadas com duas situações de desespero e trauma: uma foi sequestrada aos 10 anos de idade por um engenheiro de telecomunicações e mantida em cativeiro por 3.096 dias e a outra foi acusada de abuso de menores aos 35 anos no auge de sua carreira.

Nossa Avaliação - 9.0
Em 2011, a Verus Editora trouxe para o Brasil a história de Natascha Kampusch e seus 3.096 dias (ou 8 anos) em cativeiro. Os fatos de sua fuga são conhecidos por todos nós, mas antes de mergulhar de vez no universo de maldade em que viveu nesses oito anos, Natascha narra uma vida em família fria, com pais impacientes e um tanto distantes, que, mesmo com o alerta que envolvia pedófilos à solta, deixavam que a menina fosse para a escola caminhando sozinha. Provavelmente valendo-se da mentalidade de que "isso nunca vai acontecer com a gente". Mas aconteceu. E aos 10 anos de idade, Natascha foi sequestrada por um engenheiro de telecomunicações e mantida em um porão em Viena, na Áustria.

Apesar do final feliz, mesmo após os oito anos presa, a narração de Natascha é tensa porque sabemos que a partir do momento em que o psicopata coloca Natascha no carro aquela menina assustada de dez anos vai passar por um verdadeiro inferno em um porão mínimo desenvolvendo uma relação de afeto com seu sequestrador nos primeiros anos, apesar da tortura psicológica que Wolfgang Priklopil fazia, dizendo que seus pais a haviam abandonado, não procuravam mais por ela e estavam aliviados por ela ter desaparecido.

Infelizmente essa relação tem fim quando Natascha tem sua primeira menstruação e passa a ser considerada suja na mente psicopata e distorcida de Wolfgang. Então é por volta dos treze anos que a menina Natascha começa a enfrentar os piores maus tratos, torturas e privações inimagináveis, ao mesmo tempo e que somos informados do que acontecia do lado de fora, das pistas erradas que davam em nada, dos erros na investigação, da Polícia que deveria ser de primeiro mundo agindo de uma forma quase amadora.

Anos depois, maltratada ao extremo, Natascha finalmente foge e precisa enfrentar uma nova violência: a invasão de sua privacidade pela imprensa austríaca. Apesar de livre fisicamente, a mente de Natascha continuou refém de toda violência e, como ela mesma fala, é somente ao escrever sobre tudo o que passou é que Natascha pode "finalmente dizer: Sou livre!"

O filme alemão (mas falado em inglês) "3096 Dias" obviamente não mostra nem a metade do sofrimento de Natascha, mas também é de cortar o coração. Sem um elenco estelar, talvez o mais famoso seja o alemão que faz o psicopata Wolfgast, Thure Lindhardt, e com diálogos crus e simples, somos levados de uma forma muito breve e superficial aos oito anos de cativeiro com duas atrizes que fazem Natascha. Dou destaque para a interpretação da moça do cartaz, a irlandesa Antonia Campbell-Hughes e do próprio Thure Lindhardt.

Vale muito a pena conferir e quem leu o livro vai notar que tudo passa muito rápido, mas nesse caso não havia muito o que fazer! Recomento demais o livro, com um trabalho editorial muito bom e tradução e revisão impecáveis!


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Para começar essa resenha, acho melhor dizer que sou fã de Michael Jackson. Não dessas fãs que choram, berram, quase morreram junto com ele, mas dessas que admiram, respeitam, sabem as músicas, têm shows gravados e sentem falta da genialidade desse homem que ao longo de sua vida foi tão incompreendido e tão prejulgado pelo tamanho da nariz, pela cor da pele, pela identificação com as crianças.

Nossa Avaliação - 8,5
Já li várias biografias sobre Michael Jackson e confesso que nenhuma delas me pareceu tão real quanto essa, obviamente porque Frank Cascio conviveu com Michael da infância à idade adulta. Junto com seus pais e irmãos, Frank e a família Cascio são considerados até hoje a segunda família (quase secreta) de Michael Jackson, com livre acesso à casa do cantor (o rancho Neverland, ou Terra do Nunca), aos shows internacionais, aos programas de TV da mesma forma que Michael tinha livre acesso à casa e à família Cascio.

Frank não apenas conviveu pessoalmente com Michael, mas depois de se formar no Ensino Médio foi convidado para ser assessor particular do astro e passou a conviver também profissionalmente com aquele que nas décadas de 60, 70, 80 e 90 foi considerado muitas vezes como o melhor artista do mundo e acho que por isso o relato de Frank parece tão verdadeiro e sincero.

Através de sua narrativa conhecemos o Michael que a imprensa nunca mostrou, talvez porque ele nunca tivesse permitido ser visto como era de verdade: o Michael culto, responsável, irmão mais velho, pai, amigo. O Michael que era antes que as acusações de abuso sexual tirassem sua paz de espírito e o levasse em uma espiral de autoflagelação, paranoia e desespero que culminaram em sua morte por abuso de propofol quase 16 anos depois do primeiro processo. Impressiona saber como as acusações quebraram Michael Jackson de tal forma que o cantor já não sabia mais em quem confiar, em como ele se cercou de pessoas de confiança para depois, já consumido pelo desespero, acusá-las de traição.

Antes disso porém, somos levados a Neverland, dormimos no chão do quarto de Michael, passeamos por sua propriedade, descobrimos seus recantos preferidos. Vamos comprar brinquedos, vamos a orfanatos e participamos de shows beneficentes. Descobrimos juntos o poder dos advogados, o investimento milionário de um sheik que faz com que Michael se case pela primeira vez - com a filha do Rei do Rock Lisa Marie Presley -, notamos a vontade de Michael em ser pai e como ele se preparou para isso, como se preparava para quase tudo na vida: através dos livros e dos filmes. E logo depois nos deparamos com os primeiros indícios de problemas: a tristeza, o cansaço, um acidente que lesiona sua coluna, as paranoias.

Apesar de achar algumas passagens um pouco repetitivas, no geral achei o livro muito bom, com destaque para o fato de reconhecer na amizade de Frank e Michael as minhas próprias amizades. Acho que qualquer pessoa que tem um amigo verdadeiro vai se reconhecer nos pequenos desentendimento, nos pedidos de desculpas, nos toques quando alguém faz alguma coisa errada, nas risadas nos momentos bons e no apoio nos momentos difíceis. No mais, as pessoas podem dizer o que quiser sobre Frank Cascio, mas não podem tirar dele essas lembranças de uma pessoa que para o mundo era um artista fantástico, porém um tanto excêntrico, mas para ele era apenas o Michael, seu melhor amigo.

2 comentários:

  1. Amei as resenhas, Rê!
    Embora esteja muito devagar nas leituras, quase parando, já estava na minha lista de leituras ler 3096 Dias e depois assistir ao filme. Depois dessa resenha, vou colocá-lo em primeiro da lista.

    Beijinhos

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  2. Vale muito a pena, amiga.

    Acho que você vai adorar.
    Obrigada pelo carinho de sempre.
    Beijo grande!

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