segunda-feira, 28 de abril de 2014

Quando o silêncio fala mais alto (Renata Lima)


Oi, gente,

Como vocês sabem, nós estamos participando do Desafio do Skoob e do Desafio das Estrelas do Facebook! O tema do desafio do Skoob desse mês foi livro escrito por mulher e o do Desafio das Estrelas foi policial/suspense escrito por mulher. O Desafio das Estrelas teve um Desafio Extra no dia 15 que foi ler um infanto-juvenil ou um young adult.

Quase todas as minhas leituras desse mês entram no Desafio do Skoob, exceto "Tormento" do John Boyne e "Todo Dia" do David Levithan que entrarão para o Desafio Extra e portanto vou falar deles em outro post. Hoje estou aqui para falar do que eu li esse mês e vou apontar para vocês o que já tem resenha e o que ainda vai ter.

Os livros lidos esse mês foram:
1) "Restos Humanos" da Elizabeth Haynes
2) "Feliz Natal" e "O Elogio da Mentira" da Patricia Melo (resenha no mês que vem)
3) "Real" da Katy Evans
4) "Dias de Chuva e Tempestade" da Nancy Pickard
5) "Obsessão" da Maya Banks (resenha quando eu acabar a trilogia)
6) "Tormento" do John Boyne
7) "Limiar" da Jessica Warman (resenha mês que vem)
8) "Forever too Far" e "Simple Perfection" da Abbi Glines (resenha quando a Arqueiro publicar os livros no Brasil)
9) "Todo Dia" do David Levithan (resenha no mês que vem)
10) "Pausa" da Colleen Hoover
11) "O Culpado" da Lisa Ballantine (resenha no mês que vem)
12) "Valsa Negra" da Patrícia Melo (saiu no Book Jar, acabando hoje, resenha no mês que vem)

Para encerrar esse mês, resolvi falar de um livro que eu gostei muito e recomendo a quem for ler que separe o pacotinho de post it porque vai ter muita coisa pra destacar nele!

Nossa Avaliação - 9.0
Andréas Frangiás, autor grego (1921-2002) escreveu que "o mais corrosivo de todos os ácidos é o silêncio" e é isso que vamos descobrir nesse livro de Laurie Halse Anderson. 

Escrito em 1999, "Fale" conta a história de Melinda, que passou por um evento traumático em uma festa, chamou a polícia, fez vários de seus colegas de escola serem presos, mas nunca falou para ninguém o motivo de ter feito isso, nem para as melhores amigas.

Assim como eu, você já deve imaginar o que aconteceu, mas o fato em si não é o mais importante da história, o importante são as consequências impostas pelo silêncio de Melinda; silêncio esse que a tornou uma excluída no ambiente escolar. Talvez até mais do que excluída, Melinda virou uma persona non grata, uma estraga prazeres e, portanto, uma pessoa que deve ser mantida à distância, deixada à margem, o que a leva a sofrer vários tipos de bullying e agressões verbais.

Ao voltar ao ambiente escolar depois das férias, Melinda encontra uma nova amiga, uma menina recém transferida que não conhece Melinda e portanto não sabe o drama que a jovem está passando. Mas isso não vai durar muito tempo, porque, no desejo de pertencer a alguma panelinha, a nova amiga de Melinda, Heather, acaba descobrindo tudo e corta os laços de amizade influenciada por outras garotas.

É na aula de Artes, através de um projeto sugerido pelo sensível professor Freeman, que Melinda acaba se desenvolvendo melhor e enquanto todas as suas notas caem gradativamente, a nota de Artes permanece a mesma porque é lá que ela começa, aos poucos, a curar suas feridas, a se expressar de uma forma não-verbal e, de certa forma, a se curar.

É interessante perceber que o silêncio que corrói a alma e a mente de Melinda corrói também seu físico. Melinda dorme mal, corta os lábios com os dentes, sente a garganta comprimir. Uma demonstração de como o estado psicológico de uma pessoa pode ser externalizado e facilmente percebido se alguém realmente parasse para olhar.

A narração em primeira pessoa nesse caso funciona! Somos Melinda em seus pensamentos desordenados, em sua relutância em falar, em seu relacionamento difícil com pais omissos e atarefados. Na ausência de uma amiga de verdade que se preocupe com ela, nós somos essa amiga e queremos que ela tenha forças para desabafar sobre o acontecimento entalado em sua garganta por tanto tempo.

Ouvi muita gente dizer que "Fale!" deveria ser livro obrigatório nos colégios e não tenho como discordar disso, mas acho que nesse livro (assim como no livro "Garotas de Vidro"), a autora não se preocupa só em nos tirar de nossa zona de conforto com assuntos polêmicos, mas em cutucar cada um de nós e perguntar quais os valores nós estamos passando para os nossos filhos. O problema não está só no colégio, está em casa, quando os pais acreditam que Melinda está sendo "aborrecente", que as notas dela caindo significam uma falta de interesse nos estudos, quando acham que suas discussões constantes não afetam o psicológico da filha como um divórcio afetaria. A vida de aparências dos pais induz Melinda ao silêncio porque ela já se sente um fardo.

No mais, ainda cabe uma reflexão sobre ser popular, estar sempre na moda, ter aparelhos eletrônicos de última geração. Em um mundo excessivamente virtual, ainda há espaço para o olho no olho, para desenvolver relacionamentos saudáveis e duradouros, amizades verdadeiras que vão além da infância, do colégio, da faculdade?

Não posso deixar de falar dessa capa linda da Editora Valentina e no trabalho editorial muito bem feito, a diagramação é muito bem feita, a tradução é impecável, a revisão sem grandes problemas. É o primeiro livro que eu leio da editora e com certeza lerei outros!

O filme baseado no livro, chamado "O Silêncio de Melinda" tem Kristen Stewart no papel principal. Confesso que não gosto muito da atriz, mas ela até que está bem nesse filme. Há algumas alterações, claro, mas nada que tire a mensagem principal do livro. Você pode conferir o trailer do filme abaixo ou clicar aqui para ver o filme completo e legendado.


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