segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O retrato de uma sociedade vil e cruel (Kelly Santos)


Jackson, Mississipi, anos 60. Esse é o cenário de “A Resposta”, um livro fascinante, que me encantou do início ao fim.  É um livro é uma ficção dentro da História, e mereceu com certeza ficar 80 semanas na lista do the New York Times.

Nossa Avaliação - 10.0
Contando a relação entre brancos e negros durante a segregação racial americana, citando nomes como Martin Luther King, James Meredith e Rosa Parks, que foram grandes nomes, nessa época de luta pelos direitos dos negros, o livro nos faz mergulhar numa sociedade que surpreende, tamanha é hipocrisia, preconceito e ignorância que nos faz refletir profundamente sobre como as coisas funcionaram por muito tempo e quantas barreiras precisaram ser quebradas.

Narrado em primeira pessoa, alternando capítulos entre as personagens Skeeter, Aibileen e Minny, as histórias dessas três mulheres tão diferentes se cruzam quando Skeeter, branca, solteira, de 20 e poucos anos, recém formada na faculdade de jornalismo, volta para casa e começa a se questionar sobre os motivos de alguns assuntos serem praticamente proibidos. 

Ela havia enviado currículo para um grande jornal de Nova York e um belo dia recebe a resposta  da editora do jornal lhe propondo que escreva sobre algo que a perturbe, que a incomode, algo que ela deseje mudar. É nesse momento que Skeeter decide escrever um livro sobre a vida das empregadas negras e de suas patroas brancas.

Ela começa suas entrevistas com  Aibileen, 53 anos, viúva de um marido imprestável, empregada na casa de uma de suas amigas. Com um pouco de persistência, Aibileen convence a temperamental Minny a participar também do projeto. Minny é casada com um homem violento, tem cinco filhos,  30 e tantos anos  e tem sérios problemas em manter a língua dentro da boca, motivo pelo qual ela sempre arruma problemas com quase todas as patroas, inclusive Hilly, a pior de todas.

Hilly é casada, tem dois filhos, uma mãe idosa que ela simplesmente despreza e é amiga de infância de Skeeter e dentre todas as patroas brancas, com toda certeza, é a mais cruel e hipócrita. Ela é presidente de um desses clubes de mulheres ricas americanas sem mais nada de interessante pra fazer, e a sua palavra sempre é acatada por todas as suas amigas. Somente Skeeter não concorda com ela em algumas coisas e por isso  Hilly mostra que também sabe ser cruel com quem discorda dela, mesmo se essa pessoa for uma moça branca.

Enquanto as mulheres contam suas histórias de vida, outros fatos se sucedem, o que faz com que outras empregadas apareçam e tomem coragem para também compartilhares suas histórias, que vão de trágicas a cômicas e se engana quem pensa que todas elas são maltratadas. Em muitas das historias até mesmo Skeeter se surpreende como as patroas na verdade são amáveis e cordiais com as criadas, mas não na frente de nenhuma amiga branca, é claro.

O que mais me incomodou nesse livro foi a veracidade de tudo que foi narrado: a raiva, o ódio, a maneira como as pessoas negras eram tratadas e tudo o que aqueles seres humanos tiveram que passar, até que alguns enfim se revoltaram e começaram a luta pelos seus direitos civis.

A autora Kathryn Stocket, soube muito bem contar essa historia triste e amarga, sem deixar o livro cair no drama total, e também conseguiu até mesmo dar traços de humor nessa historia que teria tudo para nos fazer chorar baldes de lagrimas.

Adorei o livro e recomendo, com certeza foi uma das melhores leituras de 2013. O livro foi lançado originalmente em 2009, e aqui no Brasil  foi lançado pela editora Bertrand Brasil, tem um total de 573 paginas bem escritas que deram origem ao filme Histórias Cruzadas de 2011.

Apesar de não ser completamente fiel ao livro, o filme é muito bom e rendeu a Octavia Spencer seu primeiro Oscar e Golden Globe como melhor atriz coadjuvante. O filme em si foi indicado a 68 prêmios e ganhou 46 deles, o que por si só já quer dizer alguma coisa, certo?

Vale a pena ler o livro e assistir ao filme, nessa ordem se possível. 

2 comentários:

  1. Nossa, esse livro está entre os dez melhores livros que eu li no ano passado, com certeza. Emocionante!!!
    Bjs

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    1. Pois é esta entre os meus favoritos também. Amei a historia e gostaria de ter mais material dessa autora.

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