sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Desafio Skoob Fevereiro: O psicodélico, o incrível e o surpreendente! (Renata Lima)


Como vocês sabem, estamos participando do Desafio Literário Skoob 2014 e esse mês de fevereiro o tema proposto era Um Clássico Mundial. Inicialmente eu tinha várias opções para ler, mas acabei optando por quatro livros que eu tinha muita curiosidade de ler há muito tempo e também pensei na questão da acessibilidade da obra. "Através do Espelho" eu já tinha essa edição capa dura linda da Zahar, "Rei Lear" eu peguei um dia de graça na promoção de clássicos de Shakespeare da Amazon e "Um Estudo em Vermelho" eu ganhei de aniversário a versão em e-book da Agir.

Nossa Avaliação - 5.0
O primeiro livro lido foi "Através do Espelho e o que Alice Encontrou por Lá" do Lewis Carroll, como eu disse antes, nessa edição linda em capa dura da Zahar com as ilustrações originais!

Capa linda, miolo lindo, tradução impecável, revisão muito bem feita. Editorialmente falando, nota mil. É uma pena que assim como o primeiro livro da Alice (que também tem nessa edição, mas dessa vez eu só li o segundo porque já tinha lido o primeiro há alguns anos), o segundo livro consegue ser ainda mais psicodélico e não fez muito sentido na minha cabeça.

Se no primeiro livro a curiosa Alice cai na toca do coelho branco e vive as mais incríveis aventuras em boa companhia, no segundo livro ela cai no mundo mágico que fica atrás do espelho na companhia de outros personagens loucos e lunáticos seguindo um jogo de xadrez como se suas ações fossem jogadas que eventualmente tivessem reflexo na sua vida. 

Foram cinco dias lendo o livro e cada capítulo me desanimava ainda mais. Para dizer a vontade, não sinto a menor vontade de escrever sobre ele... então fica a dica: se você gosta de livros meio nonsense e esses escritos nas entrelinhas com diálogos absurdos e poemas estranhos, leia o livro, caso contrário, deixe ele lá bonitinho enfeitando a estante só por causa da beleza da edição.

*****************

O segundo clássico do mês foi a peça "Rei Lear" de William Shakespeare que acabou virando a minha segunda peça favorita do autor, perdendo apenas para "Otelo".

Nossa Avaliação - 8.5
O rei Lear do título, depois de anos sentado no trono, decide que está na hora de dividir seu reino entre suas três filhas. Para decidir como será feita a divisão, ele pede que elas declarem seu amor por ele.

Em oratórias belíssimas cheias de metáforas com todo tipo de puxação de saco, Regan e Goneril saem na frente. Já Cordélia, a terceira filha, recusa-se a seguir o discurso adulatório das irmãs e em um monólogo sincero diz que não ama só o pai, já que há de deixar a casa dele para casar-se e portando haverá de amar também ao marido, já que se dissesse que ama somente ao pai, o que teria para dar para o marido "meio amor, dever, cuidados"?

Completamente irritado com a revelação de Cordélia e a proteção que o conde de Kent tem para com ela, o pai a deserda e expulsa o conde, que sempre lhe foi um servo fiel, de seu reino. O rei divide então a Inglaterra em duas partes: uma para sua filha Regan e o marido, o duque de Cornwall e outra metade para Goneril, o duque de Albany, mas o que parecia um acordo tão benéfico acaba se virando contra o próprio rei Lear quando suas filhas passam a negar abrigo para ele e seus cem cavaleiros.

Em paralelo, conhecemos a história do Conde Gloucester e seus dois filhos, Edgar e Edmund. Filho bastardo do conde, Edmund coloca seu pai contra o irmão com o objetivo de ser o único herdeiro do conde e ao cair em um armadilha, Edgar é obrigado a fugir e assumir uma nova identidade na certeza de que seu irmão ilegítimo tramará também contra o próprio pai.

Temos então o Conde de Kent assumindo a identidade de Bobo, Edgar se fingindo de louco e o rei Lear realmente perdendo a razão, magoado com as filhas, deposto de seu próprio trono por sua única culpa em confiar nas adulações vazias das filhas. É quando esses personagens todos se cruzam que a maestria de Shakespeare se faz presente, com uma tradução incrível de Millör Fernandes para a L&PM Editores. Diálogos maravilhosos, com pitadas de humor e o lirismo fantástico tão característico nas obras de Shakespeare que fez dele um autor tão aclamado e faz com que até hoje suas peças sejam tão relevantes em suas temáticas.

Apesar de haver uma certa comédia, não esqueçamos que se trata de uma tragédia e, como sempre acontece nas tragédias de Shakespeare, os personagens têm finais tristes, até mesmo Cordélia, que foi sincera com o pai e virou a rainha da França mesmo tendo sido deserdada. Mas existe também um quê de esperança, um sentimento de redenção quando sabemos que alguns personagens, apesar de injustiçados, conseguem manter o caráter e chegar à redenção.

A capa do livro é realmente horrenda, pelo menos na minha opinião. Primeiro que é branca e sem graça, segundo que tem esse rei marrom na frente com esse sorrisinho de Monalisa que não se sabe se é um sorriso de loucura ou de ironia. Existem vários quadros lindos sobre a queda do rei Lear que poderiam ter sido reproduzidos, ou pelo menos poderiam ter criado uma capa mais bonitinha. Eu gosto muito dessa capa da Centaur.

******************

Nossa Avaliação - 8.0
Chegamos ao terceiro clássico do mês, o interessante "Um Estudo em Vermelho" de Arthur Conan Doyle e o primeiro romance em que aparecem os famosos personagens Sherlock Holmes, Dr. Watson e Lestrade entre outros.

Não vou falar muito da história porque tem resenha da Carla e da Aline aqui no blog e apesar de ter lido uma edição diferente da delas, a história é a mesma, então vou me limitar a dizer que gostei muito da narração de Conan Doyle, da sagacidade de Sherlock Holmes e da assistência do Dr. Watson.

A Aline deu nota 9.0, a Carla deu nota 7.0 e eu dou nota 8.0 pra ficar no meio termo e pra dizer que o livro me instigou a ler os os outros livros e reler os contos que eu já tinha lido acho que no colégio, se não me engano.

Inicialmente eu estranhei a estrutura de Parte 1 e Parte 2, onde na Parte 1 se apresenta todo o mistério, faz-se as devidas investigações e captura-se o bandido e na Parte 2 existe toda uma explicação para as atitudes do assassino, toda uma história paralela que obviamente tem a ver com o crime, mas tem como personagem principal a motivação para o crime. Estranhei mas não desgostei e isso é importante frisar.

A edição que eu li foi a edição de 2011 da Agir em e-book e não tenho nada a reclamar dela. A tradução está ótima, revisão bem feita e a capa é bem interessante. Assim que eu reler os livros de contos, volto para falar sobre eles aqui no blog. Para quem se interessou, a resenha da Carlinha fala sobre os quatro livros que têm Sherlock e Watson como personagens principais: "Um Estudo em Vermelho", “O Signo dos Quatro”, “O Vale do Terror” e "O Cão dos Baskervilles".

Um comentário:

  1. Uau! Eu apanhei com o meu! KKKKKKKK
    Espero que o tio Coben não me faça ficar lenta em março e consiga pegar um outro para ler.

    ResponderExcluir