sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Desafio Skoob de Janeiro: Diferenças e Semelhanças (Renata Lima)


No meu Desafio Skoob, decidi que leria tudo da minha lista de leitura que conseguisse encaixar no tema do mês. No caso de Janeiro (Livro que virou filme), separei para ler:

1) 100 Escovadas antes de Ir para a Cama da Melissa Panarello (filme "Melissa P." ou "100 Escovadas Antes de Ir para a Cama")
2) A Menina que Roubava Livros do Markus Zusak (Filme homônimo que a Carla já resenhou aqui pro Desafio também).
3) O Doador de Lois Lowry (Filme homônimo ainda sem data de lançamento no Brasil)
4) Dever de Capitão de Richard Phillips (Filme Capitão Phillips que a Aline já resenhou aqui pro Desafio também).
5) Ender's Game - O Jogo do Exterminador (Filme homônimo)

Nossa Avaliação - 8.0
Como o livro "100 escovadas antes de ir para a cama" foi o primeiro que eu li esse ano, resolvi utilizá-lo para resenha do Desafio junto com "O Doador".

Nesse livro, Melissa Panarello conta sua própria história: a história de uma adolescente obcecada pelo amor. Em sua busca incessante por amar e ser amada, Melissa, como quase toda adolescente, se apaixona pelo rapaz errado e tem relações sexuais banais que não resultam nem mesmo em prazer.

Ela conhece homens que querem apenas explorar seu corpo, sem acessar seus verdadeiros sentimentos, e cai em uma espiral de sexo por sexo, entrando em um mundo de sexo grupal, sexo virtual e outras experiências que não são naturais para uma menina tão jovem.

Ele me encontrou deitada na cama concentrada em observar uma mosca varejeira que batia contra a lâmpada do teto, produzindo um barulho chato. Pensei que as pessoas se jogam convulsamente contra o mundo igual àquele animal estúpido: fazem barulho, confusão, dão voltas ao redor das coisas sem agarrar nada completamente...
O livro não se presta a dar lições de moral (ao contrário do filme) e é narrado em forma de diário. Para mim foi impossível não me apaixonar por Melissa, por sua ingenuidade, por sua necessidade de amor, por sua sinceridade ao narrar a vida em família, suas amizades, seus medos e anseios. Em sua incapacidade de se adaptar ao mundo, vendo apenas mediocridade e mesmice ao seu redor, Melissa passa de um amante a outro procurando nada além de si mesma e acho que essa é uma busca eterna, uma busca por identificação, uma busca por amor.
Mas já chega eu me culpando, não quero saber dos sermões dos outros, só quero alguém que me abrace e que faça com que eu me sinta bem.
O cartaz e algumas cenas do filme
























O filme é bem diferente do livro e algumas coisas acontecem tão rápido que acabam não fazendo muito sentido. Inclusive mandaram o pai da Melissa para longe e inventaram personagens e eventos que não aparecem no livro para moralizar a história de um jeito que não gostei.

Também não gostei da direção a la "Laguna Beach". Ficou um reality show que não é reality show, sabe? Achei meio esquisito.

Na verdade, acredito que o mérito no filme está na espanhola Maria Valverde, com 18 anos na época das gravações, interpretando a personagem principal com maestria, mas de resto achei que os atores fizeram interpretações caricatas, principalmente a mãe de Melissa.

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Nossa Avaliação - 8.0
Já "O Doador", apesar da capa e do título de livro de autoajuda, é uma distopia muito bem escrita por Lois Lowry, autora americana de 76 anos, e publicada aqui no Brasil pela Sextante. O livro é o primeiro do chamado "Quarteto Doador" e foi publicado pela primeira vez em 1993 como um livro infantil - o que me causa certa estranheza por conta da temática.

Conhecemos a história de uma sociedade distópica onde tudo é mesmice e ninguém escolhe seu futuro não é completamente estranha, eu sei, mas o livro é narrado de uma forma tão interessante que fiquei realmente deslumbrada.

Jonas vive em uma comunidade organizada por regras rígidas. O clima é artificial, a reprodução é assistida (apenas as mulheres designadas são parideiras e dão seus filhos para serem criados até certa idade em um hospital e depois são "batizados" e dados para os pais definitivos em uma cerimônia), tudo é regido e esquematizado por um conselho de anciãos. Ninguém ali conhece a necessidade, a guerra, a pobreza, o medo, a dor, mas consequentemente eles também não entendem o conceito de amor, de sexo, de aventura, de desejo, exceto O Doador, que é quem detém todo o conhecimento do mundo, mas ele está velho e precisa de um sucessor.

Aos 12 anos, na cerimônia de escolha de profissão, Jonas é escolhido para ser o Portador dessas lembranças e através de sessões diárias com O Doador ele deve receber tudo de bom e de ruim que a Humanidade já fez e/ou presenciou. O conceito de frio e calor, o conceito de guerra, o conceito de desejo, de luxúria, coisas boas e ruins que há muito tempo foram banidas.

É a partir daí que Jonas começa a questionar o conceito de "felicidade" e "liberdade", "certo" e "errado" e, assombrado por um mundo até então desconhecido, Jonas precisa decidir o que fazer com todas as memórias recém adquiridas. 

Eu gostei muito do livro, a leitura fluiu muito bem e achei os personagens bem construídos e interessante. Meu único problema com o livro, e por isso eu dei nota 8.0 e não o 9.0 que ele merece, é que o final parece ter sido escrito às pressas. Há uma queda brusca no desenvolvimento das últimas 50 páginas e é alto tão perceptível que também foi a reclamação de três pessoas cujas resenhas eu li antes de começar o livro.

Como eu disse anteriormente são quatro livros e me chama muita atenção o hiato entre a publicação deles. "O Doador" foi publicado em 1993, "Gathering Blue" em 2000, "Messenger" em 2004 e "Son" somente em 2012. A Sextante não respondeu se tem a intenção de publicar os outros livros da autora, e como "O Doador" foi publicado em 2009 e até agora nada, duvido que o façam, mas quem sabe, se o filme fizer sucesso...

Por falar em filme: o filme "O Doador" estreia nos cinemas americanos no dia 15 de agosto com um super elenco: Meryl Streep, Alexander Skarsgård, Katie Holmes, Jeff Bridges, a cantora Taylor Swift entre outros. Quero muito assistir! Abaixo, uma foto do elenco postada por Katie Holmes e fotos das gravações do filme, já que ainda não saiu o pôster oficial.



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"O Jogo do Exterminador" de Orson Scott Card, publicado aqui no Brasil em 1991 pela Aleph e depois de 2006 pela Devir Editora com essa capa MEDONHA, já está em sua 4a edição. Esse ano a Devir republicou o livro com a capa do filme, dando uma roupagem mais moderna ao livro de ficção científica originalmente lançado nos EUA em 1985.

Nossa Avaliação - 9.0
A Terra foi duas vezes invadida pelos Insecta, uma raça alienígena que como o nome já diz parecem insetos. Na iminência de uma terceira invasão o governo militar procura por crianças intelectualmente superdotadas para formar uma nova esquadra ofensiva contra os Insecta, e é aí que entra nosso querido  herói e protagonista Andrew Wiggin ou Ender, ou Terceiro.

Na nova sociedade, cada casal pode ter apenas dois filhos e os dois irmãos de Andrew estudaram na mesma escola de superdotados que ele e no final falharam por motivos diferentes: Peter Wiggin, o mais velho, é cruel e sádico, principalmente com o irmão mais novo, a irmã do meio Valentine, é compassiva e amorosa demais. 

Concedida a permissão para o Terceiro filho, os Wiggins dão à luz a Andrew, um jovem brilhante que passa por todas as etapas da escola dos superdotados e por fim têm sua prova de fogo ao lidar com a decisão da escola de enviá-lo para casa sem qualquer satisfação aos seis anos de idade.

Depois de se meter em uma briga e ter um comportamento racionalmente explicável, Andrew recebe a visita do Coronel Hyrum Graff, que propõe que Andrew volte para a escola, mas que seja enviado para um treinamento mais avançado em uma Estação Espacial de gravidade zero onde ele não terá mais contato com a família, principalmente com a irmã, que através da narração em off dos diálogos entre o Coronel e o Major Anderson sabemos ser seu ponto fraco.

Uma vez na Estação, Andrew integra uma equipe e eles precisam desenvolver estratégias de guerra contra outras equipes em um ambiente militar com outras crianças de seis a doze anos de idade. São treinamentos, jogos psicológicos, estudos de biologia Insecta, o dia parece nunca acabar e aos poucos Andrew vai conquistando cada vez mais a admiração de seus colegas de "pelotão" - e a inveja de outros - e se destacando como o mais promissor dos Comandantes através de jogos manipuladores controlados pelo próprio Coronel.

Chega a hora de sair da Escola de Combate e ir para a Escola de Comando, onde as equipes já formadas deverão efetivamente combater os Insecta através, mais uma vez, de jogos estratégicos simulados. É importante ressaltar que normalmente as crianças só iam para a Escola de Comando depois dos 16 anos, mas a equipe de Ender é alçada à Escola de Combate depois de muitas complicações e revezes.

Muitos têm dito que "O Jogo do Exterminador" é uma distopia, e eu até concordo em partes, mas acho que essa história de aliens e naves espaciais militares está mais pra ficção mesmo.

Uma dica que eu vi no vlog BEmpoeirada e que eu NÃO sabia, é que "O Jogo do Exterminador" não é uma série, (cara de choque :o), mas que depois do sucesso do primeiro livro, o autor resolveu escrever mais ou menos o que aconteceu depois do livro em uma série de histórias complementares. Eu vi inclusive que tem livros de contos feitos por outros escritores inspirados no livro.

O filme é bem parecido com o livro? Sim! É uma boa adaptação? Sim! Mas há diferenças gritantes? Claro.

O livro é mais detalhista em vários aspectos, o que de um lado é bom, mas de outro é ruim. Descrições de áreas de combate ou de naves espaciais podem ser um tanto chatas. 

A perspectiva do filme é basicamente o que acontece com o Ender e o que o Ender vai se tornando sob a perspectiva do Coronel e sob a perspectiva dos comandados por ele, mas há pontos de virada na escalada do Ender ao posto de Comandante que fazem falta. O livro também traz uma visão mais ampla dos acontecimentos tanto no Espaço quanto na Terra.

O Major Anderson no livro é homem, no filme é interpretado pela atriz Viola Davis, portanto, uma mulher. Não sei se faz diferença, mas em 1985, quando o livro foi escrito, realmente havia poucas chances de uma mulher chegar a Major na carreira militar na área de combate.

Muita gente reclamou sobre a falta de emoção do ator principal - o Asa Butterfield de "O Menino do Pijama Listrado" - mas no livro existe essa ideia de que externalizar emoções é algo mal visto, tanto que os dois opostos estão nos irmãos dele: o ódio de Peter e a compaixão de Valentine. Ender é sempre obrigado a achar um meio-termo e eu achei isso muito bem feito pelo Asa. Acho que ele mostra emoção nas partes certas. E é claro que falando em Asa, ele tem 16 anos na vida real e nunca passaria por um menino de seis, então obviamente os meninos do filme são mais velhos do que os meninos do livro, mas ainda assim não chegam a quinze anos.

O final do filme destoa um pouco do final do livro, mas como não quero dar spoiler, fica a dica para quem for ler o livro depois de ter assistido ao filme.


6 comentários:

  1. Adorei o formato de vários livros em um post!
    Bom, eu detestei o "100 escovadas...", mas tive uma outra interpretação da história. Lendo sua resenha e vendo as coisas dessa forma, até gosto mais.
    Sobre "O Doador": sempre quis ler, mas essa indefinição de quando vão lançar os outros volume me desanima. Quem sabe o filme faça com que lancem a continuação dos livros?
    Eu também não sabia que os livros de "O jogo do exterminador" eram independentes! Acho até melhor! A capa antiga não é medonha... é apenas absurdamente anos 80! hahaha
    beijo

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    1. KKKKKKKKKKKK vou começar pelo final: a capa é medonha. A cara do Ender tá medonha, parece que ele é um mergulhador, sei lá... tá tudo estranho nessa capa! Eu sei que as capas eram bem estranhas nos anos 80, mas olha só o livro foi publicado aqui com essa capa bizarra em 2006!!! Não dá, gente!
      Tenho duas amigas que também não tinham gostado do 100 Escovadas e depois a gente fez um mini clube do livro, cada uma lendo uma parte destacada, discutindo no Skype e foi muuuuuito interessante, sabe? No final uma delas já estava amando o livro, mas a outra continuou com a mesma ideia de que o livro justificava o injustificável ou algo assim. Eu achei bem legal e me fez refletir!
      Poxa, fico nessa expectativa quanto ao O Doador também, tomara que o pessoal da Sextante se anime e faça uma capa bonitinha, uma divulgação interessante, vamos ficar na torcida, né? Porque ler e ficar esperando 200 anos pelo próximo realmente não rola!!!
      Um beijo, Mi, e obrigada pela visita!!! :D

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  2. Bem legal seu post,realmente postar a resenha de vários livros no mesmo post poderia ter ficado confuso,mas seu post não ficou,adorei a ideia....

    Tenho inveja da sua organização,ia ler dois livros do tema no desafio do Skoob,mas não consegui...

    adorei suas dicas e já coloquei alguns livros na minha wish list.

    bjsss

    Bianca

    Apaixonadas por Livros

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    1. Confesso que foi uma luta, Bianca!!! Eu fiquei pensando se deveria colocar os três livros juntos ou não, depois decidi colocar só dois, depois achei injusto fazer uma resenha sozinha pro "O Jogo do Exterminador", foi complicado, mas que bom que ficou legal!

      Você não leu dois livros para o desafio, mas tenho certeza de que leu muitos outros por fora!!!

      Beijos enormes,

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  3. Renata, li "A menina que rouba livros" e gostei muito, mas foi o único livro que li da sua lista. Vi "100 escovadas..." e gostei, achei que trata da adolescência de uma forma real. Quanto a "Capitão Philips", não estava esperando muito, mas gostei muito, rs, acho que ele cumpre bem o que promete.

    beijo grande,
    Maira

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    1. Eu gostei mais do livro 100 escovadas do que do filme, Maíra. Se puder, dê uma chance porque ele é bem fininho, vc lê em um dia!
      Eu tb não esperava muito de "Capitão Phillips", mas gostei demais!!!!!!!
      Beijão!

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