Às vezes não
esperamos nada de um livro e ele acaba sendo uma grande surpresa,
principalmente quando você não está mesmo a fim de lê-lo, mas o faz porque é “obrigada”.
O “obrigada” é porque no nosso grupo de leitura do Facebook sempre há uma
votação para escolher o livro do mês e no mês passado eu não gostei muito da
escolha feita (através de uma votação democrática), mas acabei lendo porque não
sou daquelas que diz “ não vou ler porque não faz o meu estilo” ou “não gosto
de terror”. Tudo bem, eu confesso, não gosto de terror, mas se tivessem votado
em um livro de terror eu o leria mesmo morrendo de medo de ter pesadelos à
noite.
Nossa avaliação - 9.0 |
Apesar de curto,
não é um livro fácil de se resenhar, mas aqui vamos nós... Basicamente acompanhamos
um homem que ao retornar para a casa onde viveu sua infância começa a relembrar
acontecimentos ocorridos há muito tempo atrás quando tinha apenas sete anos. Ao
caminhar até o fim do caminho que leva a casa de sua velha e única amiga Lettie
Hempstcok, as memórias vão se tornando mais vívidas e marcantes.
Foi com Lettie
que ele descobriu um mundo fantástico diferente daqueles que os livros que
tanto amava descreviam; descobriu que há coisas perturbadoras que os adultos
não parecem ver, mas que os afetam diretamente. E tudo aconteceu porque o
inquilino do quarto do alto da escada resolveu cometer suicídio dentro do carro
da família, o que despertou forças que não deveriam ser perturbadas; forças que
sem controle acabam transformando a realidade das pessoas em um pesadelo sem
que elas percebam.
As únicas
pessoas que sentiam o mal que rondava sua família eram as mulheres Hempstock
(Lettie, sua mãe e sua avó) e que ajudam nosso protagonista a enfrentar seus
medos, dores, tristezas, perdas e decepções ao longo da narrativa.
Apesar de ser um
livro narrado pela perspectiva de uma criança, é para um público adulto, mostrando-nos
o quanto mudamos ao longo dos anos e como enfrentamos os percalços ao longo do
caminho, sendo o caminho nada mais que um túnel no qual ao final esperemos ver
a luz, aonde poderá haver alguma salvação.
O mais
interessante do livro que é Gaiman não dá nome ao seu protagonista, podendo ele
ser qualquer um de nós; e como não se transportar para as páginas desse livro e
para a pele desse protagonista?
Lendo este
maravilhoso livro, vi referencias a outros livros como a Saga dos Plantagenetas
de Jean Plaidy, quando o autor fala de Cromwell, Godofredo e Ricardo;
lembrei-me da “Hora das Bruxas” da Anne Rice e as bruxas Mayfair, lembraram as
Hempstock; e como não lembrar do filme “O Labirinto do Fauno” de Guillermo del
Toro, onde fábula e realidade se misturam e se transforam em algo real.
Um livro que
apesar de curto tem muito a compartilhar com seus leitores; um livro que pede
para ser relido e que a cada releitura provavelmente abrirá uma nova janela em
nossa alma.
Nem preciso dizer que eu fiquei absolutamente apaixonada pelo livro e agora quero ler tudo que Neil Gaiman já escreveu na vida, né?
ResponderExcluirMuito lindo, comovente, sincero e infantil sem ser infantil, sabe?
Sem palavras!