quarta-feira, 28 de agosto de 2013

O Caminho para o Oceano (Carla Cristina Ferreira)



Às vezes não esperamos nada de um livro e ele acaba sendo uma grande surpresa, principalmente quando você não está mesmo a fim de lê-lo, mas o faz porque é “obrigada”. O “obrigada” é porque no nosso grupo de leitura do Facebook sempre há uma votação para escolher o livro do mês e no mês passado eu não gostei muito da escolha feita (através de uma votação democrática), mas acabei lendo porque não sou daquelas que diz “ não vou ler porque não faz o meu estilo” ou “não gosto de terror”. Tudo bem, eu confesso, não gosto de terror, mas se tivessem votado em um livro de terror eu o leria mesmo morrendo de medo de ter pesadelos à noite.

Nossa avaliação - 9.0
Foi o que acabou acontecendo com “O Oceano no Fim do Caminho” de Neil Gaiman, publicado recentemente pela Intrínseca. Como o livro tem apenas 208 páginas não seria assim um sacrifício tão grande. Imagine a surpresa ao terminar!

Apesar de curto, não é um livro fácil de se resenhar, mas aqui vamos nós... Basicamente acompanhamos um homem que ao retornar para a casa onde viveu sua infância começa a relembrar acontecimentos ocorridos há muito tempo atrás quando tinha apenas sete anos. Ao caminhar até o fim do caminho que leva a casa de sua velha e única amiga Lettie Hempstcok, as memórias vão se tornando mais vívidas e marcantes.

Foi com Lettie que ele descobriu um mundo fantástico diferente daqueles que os livros que tanto amava descreviam; descobriu que há coisas perturbadoras que os adultos não parecem ver, mas que os afetam diretamente. E tudo aconteceu porque o inquilino do quarto do alto da escada resolveu cometer suicídio dentro do carro da família, o que despertou forças que não deveriam ser perturbadas; forças que sem controle acabam transformando a realidade das pessoas em um pesadelo sem que elas percebam.

As únicas pessoas que sentiam o mal que rondava sua família eram as mulheres Hempstock (Lettie, sua mãe e sua avó) e que ajudam nosso protagonista a enfrentar seus medos, dores, tristezas, perdas e decepções ao longo da narrativa.

Apesar de ser um livro narrado pela perspectiva de uma criança, é para um público adulto, mostrando-nos o quanto mudamos ao longo dos anos e como enfrentamos os percalços ao longo do caminho, sendo o caminho nada mais que um túnel no qual ao final esperemos ver a luz, aonde poderá haver alguma salvação.

O mais interessante do livro que é Gaiman não dá nome ao seu protagonista, podendo ele ser qualquer um de nós; e como não se transportar para as páginas desse livro e para a pele desse protagonista?

Lendo este maravilhoso livro, vi referencias a outros livros como a Saga dos Plantagenetas de Jean Plaidy, quando o autor fala de Cromwell, Godofredo e Ricardo; lembrei-me da “Hora das Bruxas” da Anne Rice e as bruxas Mayfair, lembraram as Hempstock; e como não lembrar do filme “O Labirinto do Fauno” de Guillermo del Toro, onde fábula e realidade se misturam e se transforam em algo real.

Um livro que apesar de curto tem muito a compartilhar com seus leitores; um livro que pede para ser relido e que a cada releitura provavelmente abrirá uma nova janela em nossa alma.


Um comentário:

  1. Nem preciso dizer que eu fiquei absolutamente apaixonada pelo livro e agora quero ler tudo que Neil Gaiman já escreveu na vida, né?
    Muito lindo, comovente, sincero e infantil sem ser infantil, sabe?
    Sem palavras!

    ResponderExcluir