terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Buscando esperança em um mundo devastado (Renata Lima)



Para começar a resenha, que tal falar que esse livro deu a Cormac McCarthy o prêmio Pulitzer de 2006? 

Nossa Avaliação - 9.5
O mundo como conhecemos acabou. Não há comida, não há luz - nem o sol penetra mais nas cinzas do dia.   Um desastre devastou tudo e agora o que resta é caminhar rumo à praia, rumo a um futuro melhor, um lugar para se estabelecer. Pai e filho empreendem uma viagem cheia de perigos, cruzando os EUA, sempre na estrada, sempre atentos, sempre com medo.

A Humanidade retornou à idade da Pedra e, sem animais para suprir a necessidade de comida, os homens voltaram à Era das Cavernas, caçando em bando, se alimentando dos fracos, dos menos favorecidos, dos solitários. Como os zumbis dos filmes de terror, comer carne humana é imprescindível para a sobrevivência.

Mas o pai e o filho não. A inocência do filho depende do pai não sucumbir a tal atrocidade e não deixar que o filho pereça sob ela, então eles têm um revólver com apenas duas balas, uma para cada, caso seja necessário.

Na estrada, além de canibais, ladrões e desgarrados como eles, os dois têm outros adversários terríveis: a morte, a doença, a fome, o frio e o cansaço. E o livro engloba todos esses aspectos. 

Durante toda leitura, há uma sensação de desconforto, de opressão e confesso que algumas vezes eu tive que deixar o livro de lado por conta da agonia de um "e se isso realmente acontecesse?". É um cenário tão possível, tão bem descrito, com situações tão reais que embarcamos com os personagens no cenário feio, sujo, fétido de um futuro de cinzas.

É difícil explicar porque achei o livro tão bom, mas acredito que o autor conseguiu reunir em uma obra tudo que a gente quer em um livro: uma história interessante, personagens cativantes, uma escrita de qualidade excepcional e um final verossímil. Sonho em ver uma continuação dessa história!

E como se o livro não fosse obscuro o bastante, o filme, com o maravilhoso Viggo Mortensen (e um elenco incrível como Robert Duval, Charlize Theron e Guy Pearce) estreou nos cinemas em 2009 levando para as telonas toda aquela agonia em tons de cinza.

O filme captura com maestria os cenários e essa sensação de frio na barriga antes da desgraça. Mantém diálogos muito fiéis do pai com o menino. Vale muito a pena conferir!!!
Atravessaram a cidade ao meio-dia. Estava quase toda queimada. Nenhum sinal de vida. Carros na rua incrustada de cinzas, tudo coberto de cinza e poeira. Rastros fósseis na lama seca. Um cadáver na soleira de uma porta seco feito couro. Arreganhando os dentes para o dia. Ele puxou o menino mais para perto. Apenas se lembre que as coisas que você põe na cabeça ficam lá para sempre, falou.
Você se esquece de algumas coisas, não se esquece?
Sim. Você se esquece do que quer lembrar e se lembra do que quer esquecer.

Um comentário:

  1. Re, eu assiti ao filme. Achei muito angustiante. É mesmo uma história excelente.
    Não sabia que existia o livro. Ai, meu Deus, mais um para a listinha, ou melhor, listona.

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