quarta-feira, 4 de julho de 2012

A sociedade parisiense de "Bel-Ami" (Carla Cristina Ferreira)


Deixando os lançamentos um pouquinho de lado, vamos falar de um clássico da literatura francesa: “Bel-Ami” de Henry René Albert Guy de Maupassant (1850-1893), mais conhecido como Guy de Maupassant.

Nossa Avaliação - 7.5
Tendo sido estimulado pela mãe a dedicar-se a carreira literária, partiu para Paris onde logo se envolveu intensamente na vida boêmia e se introduziu na sociedade literária da época. Com a ajuda de amigos foi aprendendo os fundamentos da estética realista e logo publicou o conto “Bola de Sebo” que alcançou um grande sucesso, transformando-o repentinamente no escritor da moda.

“Bel-Ami” foi publicado em 1885 e traça um painel sutil e mordaz da sociedade parisiense do final do século XIX. Fala do jovem e podre Georges Duroy, de origem camponesa, que procura fortuna e afirmação social. Ele sempre consegue das mulheres o que deseja: de algumas, o prazer efêmero; de outras, pelo casamento, a projeção financeira, profissional e social.

Mas não pensem que Duroy não tem moral: ele se recusa a aceitar presentes e dinheiro (mesmo que seja emprestado). Tenta através de sua lábia e artimanhas conquistar a confiança das pessoas, que aos poucos vão se abrindo e confiando seus segredos. Em alguns casos, seu interesse pelas mulheres é simplesmente consequência do seu desejo de vingança.

Duroy, que começa o livro com poucos tostões no bolso, acaba encontrando um antigo companheiro - Charles Forestier - que, se apiedando dele, oferece lhe um emprego no jornal em que trabalha. Sendo convidado para um jantar na casa de Forestier, onde conhece a esposa do amigo, o futuro patrão e outras pessoas da alta sociedade, passa a invejar aquela riqueza e a atmosfera de requinte.

A primeira vítima é a Senhora Marelle: mulher casada, mas cujo marido vive ausente, tornando-se assim a presa perfeita, além de bela. Seus avanços são bem recebidos pela mulher que não perde a oportunidade para se encontrar as escondidas com Duroy, chegando posteriormente a alugar um apartamento para os futuros encontros. É exatamente a filha desta que apelida Duroy de Bel-Ami, uma alcunha que irá segui-lo até o fim.

Com esse pequeno avanço, Duroy começa aos poucos a subir no jornal e a fazer novos contatos, mas o jogo de sedução começa mesmo quando o Bel-Ami passa a ser constantemente humilhando no jornal pelo seu amigo Forestier. Querendo vingar-se, resolve corneá-lo, mas Madeleine Forestier logo desarma o ‘don juan’ e avisa que nada irá conseguir dela, somente a amizade, entretanto lhe indica um caminho para que o belo rapaz consiga subir na vida: conquistar a Senhora Walters, mulher do dono do jornal.

Casada, recatada, fiel, religiosa... A mulher torna-se sua obsessão, deixando-o cheio de desejo. Após o sucesso da conquista, eleva-se mais ainda sua posição no jornal, mas ao verdadeiro salto para a sociedade parisiense vem através de um casamento inesperado.

As armações amorosas de Duroy são proporcionais à sua inveja. Independente das realizações que conquistou, o rancor que sente ao ver o sucesso de outras pessoas o transforma de forma a planejar soluções escabrosas para subir ainda mais. Vale tudo para ser um membro de uma sociedade que incentiva conflitos e concorrências cruéis em um cenário só onde apenas os mais agressivos vão sobreviver e alcançar o topo.

Para quem se interessou, mas ainda está na dúvida, no dia 03.08 estreia Bel-Ami – O Sedutor com Robert Pattinson no papel principal, Uma Thurman como Madeleine Forestier e Christina Ricci como Clotilde Marelle. Se a adaptação será fiel ao livro, só há uma maneira de saber...

Obs.: Há várias edições de “Bel-Ami” disponíveis em livrarias e sebos.

3 comentários:

  1. Acho que vou me aventurar no filme.
    Pessoal, vamos comentar os posts...

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  2. eu vi essa capa de livro uma vez e não me atraiu...

    Tb vou ver o filme, Aline!

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  3. Sabe que eu não dava nada pelo livro, mas gostei muito; me surpreendeu. Tenho medo q o chatinho do Pattinson deturpe o personagem...

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