Para começar essa resenha, acho importante dizer que não sou muito fã de Jorge Amado. Já li alguns livros dele para a faculdade e recentemente reli "Gabriela, cravo e canela", mas confesso que o estilo dele não me agrada.
Nossa Avaliação - 8,0 |
Apesar disso não posso negar que o livro "Capitães da Areia" é ótimo livro de cunho social que denuncia uma realidade ainda existente no Brasil nos dias de hoje.
O livro foi publicado em 1937 e na época foi considerado comunista e queimado em praça pública por retratar uma gangue de crianças abandonadas que vivem de pequenos furtos e assaltos nas ruas da Bahia e moram em um prédio (parecendo um depósito) abandonado na praia.
Antes do romance começar, há uma série de reportagens que mostra como a sociedade vê essa gangue de marginais que aterrorizava as ruas de Salvador com seus delitos. Há um que de discriminação racial e muito de discriminação social.
O livro é recheado de tipos, mas que surpreendem e encantam, como Pedro Bala, o chefe da gangue que serve como a figura paterna que as crianças nunca tiveram e Professor, o letrado, o menino que sabe ler e escrever, que lê jornal, que conta para dormir, às vezes até histórias que ele mesmo inventa, Dora surge inicialmente como uma presa no meio dos meninos, mas logo em seguida vira a mãe de todos eles, se apaixonando por Pedro Bala.
Aos poucos conhecemos a vida desses meninos sem oportunidades, largados, abandonados que se unem na dificuldade para formar uma unidade familiar diferente, mas nem por isso menos amorosa.
O mérito maior de Jorge Amado é trazer uma reflexão para o nosso dia a dia. Nós reclamamos da violência, reclamamos da quantidade de crianças no sinal, reclamamos ante a visão de crianças cheirando cola e consumindo crack nas esquinas. Mas o que efetivamente fazemos? Jorge Amado mostra que a sociedade vira a cara, que fingimos não ver o que está bem diante da gente. Que fingimos nos importar, mas nada dessa realidade nos tira o sono, nos leva a agir.
E as crianças continuam nas ruas, rumando para um futuro incerto e com poucas oportunidades. E que o seria dos ricos se não fosse os pobres?
Cliquem nas capas para saber mais sobre os filmes.
Li esse livro quando estava no antigo 2º grau e achei tão bom que não tive coragem de me desfazer dele. Tenho o livro guardado até hoje.
ResponderExcluirAdorei a resenha, o livro é bom, mas não gostei das adaptações. Muito românticas pro meu gosto... deixaram a desejar no choque de realidade que vc tão bem mencionou acima. A parte em que os meninos se prostituem para os turistas nem é abordada!
ResponderExcluirParabéns, meninas. Adoro o blog de vcs. Vou ver como faço pra seguir.
beijos