segunda-feira, 16 de julho de 2012

Retrato social em "Capitães da Areia" (Renata Lima)



Para começar essa resenha, acho importante dizer que não sou muito fã de Jorge Amado. Já li alguns livros dele para a faculdade e recentemente reli "Gabriela, cravo e canela", mas confesso que o estilo dele não me agrada. 
Nossa Avaliação - 8,0
Apesar disso não posso negar que o livro "Capitães da Areia" é ótimo livro de cunho social que denuncia uma realidade ainda existente no Brasil nos dias de hoje. 

O livro foi publicado em 1937 e na época foi considerado comunista e queimado em praça pública por retratar uma gangue de crianças abandonadas que vivem de pequenos furtos e assaltos nas ruas da Bahia e moram em um prédio (parecendo um depósito) abandonado na praia.

Antes do romance começar, há uma série de reportagens que mostra como a sociedade vê essa gangue de marginais que aterrorizava as ruas de Salvador com seus delitos. Há um que de discriminação racial e muito de discriminação social.

O livro é recheado de tipos, mas que surpreendem e encantam, como Pedro Bala, o chefe da gangue que serve como a figura paterna que as crianças nunca tiveram e Professor, o letrado, o menino que sabe ler e escrever, que lê jornal, que conta para dormir, às vezes até histórias que ele mesmo inventa, Dora surge inicialmente como uma presa no meio dos meninos, mas logo em seguida vira a mãe de todos eles, se apaixonando por Pedro Bala.

Aos poucos conhecemos a vida desses meninos sem oportunidades, largados, abandonados que se unem na dificuldade para formar uma unidade familiar diferente, mas nem por isso menos amorosa.

O mérito maior de Jorge Amado é trazer uma reflexão para o nosso dia a dia. Nós reclamamos da violência, reclamamos da quantidade de crianças no sinal, reclamamos ante a visão de crianças cheirando cola e consumindo crack nas esquinas. Mas o que efetivamente fazemos? Jorge Amado mostra que a sociedade vira a cara, que fingimos não ver o que está bem diante da gente. Que fingimos nos importar, mas nada dessa realidade nos tira o sono, nos leva a agir.

E as crianças continuam nas ruas, rumando para um futuro incerto e com poucas oportunidades. E que o seria dos ricos se não fosse os pobres?

O livro já teve três adaptações, sendo uma estrangeira e muito aclamada na União Soviética com o título de The Sandpit Generals de 1971. "A Vida dos Capitães da Areia" foi lançado em 1985 e "Capitães da Areia" estreou no ano passado e já está sendo exibido pelo Telecine.

Cliquem nas capas para saber mais sobre os filmes.




2 comentários:

  1. Li esse livro quando estava no antigo 2º grau e achei tão bom que não tive coragem de me desfazer dele. Tenho o livro guardado até hoje.

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  2. Adorei a resenha, o livro é bom, mas não gostei das adaptações. Muito românticas pro meu gosto... deixaram a desejar no choque de realidade que vc tão bem mencionou acima. A parte em que os meninos se prostituem para os turistas nem é abordada!
    Parabéns, meninas. Adoro o blog de vcs. Vou ver como faço pra seguir.

    beijos

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