segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O diário de Cotoco (Carla Cristina Ferreira)

Nossa avaliação - 8.0

Faz alguns anos o povo não parava de falar em “Cotoco” pra lá, “Cotoco” pra cá, mas na verdade só apresentei algum interesse pelo livro depois da bienal do ano passado, quando o livro estava sendo vendido por R$ 5,00 pela Editora Intrínseca. Coloquei na minha listinha de leitura e só agora peguei o dito cujo para ler e ao mesmo tempo morrer de rir.

Escrito por John van de Ruit, o livro conta em forma de diário o ano sabático de John Milton, um menino de 13 anos que passa a viver em um internato, dividindo o dormitório com os “oito loucos”, meninos da mesma idade apelidados de Rambo, Cachorro Doido, Barril, Rain Man, Lagartixa, Esponja e o nosso Cotoco, apelidado desta forma, pois ainda não possui pelos nas partes íntimas pouco desenvolvidas.

Ao longo do livro nos deparamos com situações hilárias de Cotoco e seus amigos: mergulhos noturnos, sessões espiritas, trotes de aniversário, além de situações pra lá de constrangedoras com os pais lunáticos do menino e sua avó gagá.

É engraçado e interessante ver a mente de um menino de 13 anos lidando com o amor, a atração, a fidelidade e as amizades, além de desejar que os pelos de seu saquinho apareçam logo e descobrir qual é o barato de tocar punheta. Afinal, todos os seus amigos são mais desenvolvidos e ficam contando vantagens sobre suas experiências sexuais.

O mais interessante talvez seja a época na qual a história se situa: 1990, África do Sul, libertação de Nelson Mandela. Isso é o suficiente para dar um plus na vida de Cotoco que fica fascinado com a força desse líder que ficou 27 anos preso, tanto que decide se tornar um guerrilheiro conta o apartheid, o que é o suficiente para deixar seu pai mais louco do que de costume.

A vida de Cotoco fica ainda mais interessante quando o menino começa a se relacionar com o sexo feminino... Sereia, Amanda e Christine são o estopim para fundir a cuca do garoto.

Mas o mais bacana do livro é ver o quanto o moleque gosta de ler e suas reações aos títulos que passam por suas mãos, incluindo “O Velho e o Mar”, “Ardil 22” e “O Senhor dos Anéis”.

Tudo bem que eu esperava um final completamente diferente, mas não menos interessante. Talvez eu precisasse de alguns capítulos a mais, ou outro livro para conseguir fechar esse ciclo que o jovem John Milton abriu em minha vida, mas não fechou.


Uma leitura leve, descontraída e super-recomendada.


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