quarta-feira, 17 de setembro de 2014

O destino é como uma pauta musical que se reescreve sozinha (Lucyclenia)


Nossa Avaliação - 100
"A Última Nota" é narrado em primeira pessoa pela personagem Alícia Mastropoulos, uma jovem violonista, filha única de uma família grega tradicional, residente no Rio de Janeiro e que teve a vida sempre controlada pelos pais Mas Alícia é sonhadora e herdou o dom musical de seu avô e, atualmente cursando Música na faculdade, contra a vontade dos seus pais, conseguiu um cargo muito importante: Spalla, a principal violinista da orquestra. 

O que seus pais querem mesmo, é que ela encontre um bom partido, se case e construa sua própria família e Alícia tem até um namorado há três anos, Théo, mas não se sente mais tão bem, até porque o namoro foi meio que arranjado pela família e ela não quer viver uma vida presa a Théo e sim ter libertade e fazer o que seu amado avô fez: viver pela música e para a música. 

Mas Alícia não tem força de vontade para ir contra os pais, portanto segue os costumes rígidos e faz tudo que eles mandam: trabalha arduamente no restaurante da família e divide suas incertezas com sua única amiga, Carol. Até que no dia de sua apresentação com a Orquestra, ao tocar uma composição de seu avô e errar a última nota, Alícia recebe uma ligação de um hospital, onde um rapaz desconhecido e sem memória, de olhos azuis expressivos, chama por ela, e é a partir dai que sua vida muda para sempre.

"Eu ainda não tinha tocado as três últimas notas quando uma lágrima que teimava em cair finalmente deslizou pelo canto do meu olho. Ela rastejou lentamente pela minha face esquerda e caiu sobre o violino. Delicadamente, correu pelo cavalete e se instalou no tampo, ressoando a amplitude da nota mais grave em vez da mais aguda." Pág 28

O livro nos faz refletir sobre a nossa vida, coisas que fazemos só pra agradar aos outros sem pensar na nossa própria felicidade, tradições que são impostas a nós, seja pela família, seja pela sociedade, e como isso dificulta a nossa vida e pode acabar com a nossa individualidade, com quem realmente somos.

Há também uma metáfora com a música e quão incerto é o nosso futuro. Ele é como uma música que flui sem que nós percebamos e conforme a música se desenvolve, cresce, surpreende, também no nosso caminho há coisas que acontecem que desconhecemos e jamais saberemos o porquê. 

Os sentimentos de Alícia são tão bem construídos que atordoam. Ela é o tipo de personagem impossível de não amar, sempre buscando a si mesma e era com muita pena e frustração que eu deixava o livro de lado para me dedicar à faculdade. A cada capítulo, eu ficava ansiosa pelo que viria a seguir.

Eu vi o meu reflexo inteiro; tão bela como ele me fazia sentir, tão Alícia quanto eu era quando estava com ele. Mergulhei no azul de seu olhar sem me preocupar com a profundidade do oceano. Enquanto eu explorava a dimensão do meu desejo por ele, suas emoções vieram à superfície tão à flor da pele que sua hesitação foi minha certeza, e sua certeza foi minha também. Eu desmanchei ao seu toque cálido e terno, e ele me refez menos menina e mais mulher." Pag. 191

Recheado de mistério, romance e suspense, "A Última Música" também entrou na minha lista de favoritos. Esta dupla perfeita de autores, Felipe Colbert e Lu Piras, conseguiu me arranca risos e lágrimas nesta historia fantástica. 

Deveria virar filme, com certeza. 


2 comentários:

  1. To muito afim de ler esse livro, ouvi mts criticas boas. Agora com essa avaliação que vc fez lerei com certeza. Bjoks.

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