sexta-feira, 23 de maio de 2014

Interessante e reflexivo (Renata Lima)

Imagine dormir em um corpo e acordar no corpo de uma pessoa diferente todo dia. Imagine apenas ser, sem sexo definido, sem aparência definida, simplesmente ser você, ter a sua personalidade, mas dentro de outra pessoa, suas memórias acessando as dela, seus gostos e habilidades se mesclando, sua vida dentro de outra vida, você sendo você, mas ao mesmo tempo sendo outro. Essa é a premissa de "Todo Dia" de David Levithan, publicado aqui no Brasil pelo selo Galera Record.

Nossa Avaliação - 8.5
Não sabemos que tipo de vida A é, humano, alien, um experimento genético, invasor, parasita? A apenas é, existe, vive e ponto final. E a vida de A é uma série de outras vidas que vem de brinde com os corpos que ele ocupa há  tanto  tempo. 

O único fato sobre a vida de A é que desde que ele nasceu ele ocupa outros corpos, que têm a mesma idade dele, e nunca passa mais de um dia no mesmo corpo. Por esse motivo, A não tem sexo, altura, peso definidos. Um dia A está apaixonado por um rapaz, outro dia por uma moça, um dia ele está no corpo de um drogado, no outro de um gênio, no outro de uma cheerleader. E é assim que ele vive, dia após dia, corpo após corpo, tentando ao máximo passar despercebido, manter uma distância das atitudes de seus hospedeiros, evitando assim interferir em seus destinos, mas isso muda quando A conhece Rhiannon.

Acordando um dia no corpo de Justin, namorado de Rhiannon, se apaixona perdidamente. Normalmente ausente, desligado e não muito romântico, Justin ignora as necessidades da namorada, mas A decide que fará Rhiannon feliz por um dia e faz com que Justin seja um namorado exemplar. Mas o dia passa rápido e A acorda no dia seguinte no corpo de outra pessoa ainda pensando em Rhiannon. Ele precisa vê-la, saber se ela está bem, como Justin a está tratando e A passa a não ser mais um expectador passivo das vidas e dos corpos aos quais ocupa.

Mas essa decisão de A traz consequências e A passa a ser "perseguido" por um dos jovens cujo corpo ocupou para ir a uma festa onde sabia que Rhiannon estaria. Através de um e-mail criado para si, A passa a trocar mensagens com o rapaz "possuído" e isso pode não acabar muito bem já que o rapaz, além de não estar sozinho, começa a fazer um alarde midiático e A precisa fazer de tudo para minimizar os danos sem deixar de visitar Rhiannon, mesmo que sempre ocupando um corpo diferente.

Nunca tinha lido nada do David Levithan e agora tenho a sensação de que preciso ler todos os livros dele, inclusive "Will & Will", em parceria com John Green. Muitas pessoas reclamaram do final, ou da falta de final, do livro, mas eu sou dessas que prefiro um final em aberto, apesar de concordar que havia algo mais a ser desenvolvido ali.

Por fim, o livro leva nota 8.5 não pelo que poderia ter sido, mas pelo que é: uma bela forma de questionamento de valores tão atuais. Afinal qual é a essência do ser-humano? Como o gênero, a orientação sexual, a aparência física, a classe social influenciam as nossas vidas? É possível se apaixonar pela essência de uma pessoa sem olhar todas essas outras coisas?

Vale muito a pena ler!

2 comentários:

  1. Tenho esse livro na estante e agora você me animou a lê-lo!
    O único livro que li do Levithan foi "Uma noite de amor e música", escrito em parceria com a Rachel Cohn, e gostei bastante. Aliás, sou apaixonada pelo filme também.
    bjo

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Esse é o primeiro dele que eu leio, Mi, mas com certeza lerei outros. Já anotei o título que vc citou!!!
      Beijo enorme e saudades!

      Excluir