quarta-feira, 9 de abril de 2014

Surpresa arrebatadora (Renata Lima)


Todos vocês que são mais assíduos aqui devem saber que eu tenho muita dificuldade de escrever sobre os livros que eu amo e os livros que eu odeio. Muitas vezes eu nem escrevo sobre os livros que odeio porque eu fico tão passada que acho que nem vale a pena perder mais tempo de vida escrevendo sobre o assunto, mas como não escrever sobre os livros que acho fantásticos, como esse "O Livro do Silêncio" da série Deuses de Dois Mundos do PJ Pereira?

Para começar, devo dizer que sou entendida no assunto dos orixás, não tanto quanto eu gostaria, e o que me atraiu no livro foi mesmo essa sacada de fazer uma história de ficção baseada nas lendas dos orixás e mesclando essas lendas com os dias atuais, como já foi feito com mitologia grega e romana (como na série Percy Jackson Poseidon, por exemplo). Achei a ideia fantástica, mesmo sem saber como ela seria executada, principalmente porque li uma entrevista com o autor que dizia que tudo estava sendo feito de uma forma muito respeitosa, ainda que ele não seja religioso.

Quando saiu o book trailer de "O Livro do Silêncio", em 17/11/2013, meu queixo literalmente caiu, não só por causa da qualidade (porque eu sabia que PJ Pereira é publicitário e mora em São Francisco), mas porque me deu uma vontade ENORME de ter o livro nas mãos naquele instante.

No trailer já temos um gostinho das aventuras que nos esperam, além de termos um pequeno vislumbre dos personagens que estão por vir: o caçador Oxóssi e seu irmão, o guerreiro e ferreiro Ogum, a mulher que vira búfalo Iansã, o dono da pedreira e rei dos trovões Xangô, a rainha das águas doces, a sedutora Oxum e o grande adivinho Orunmilá, praticamente o personagem principal do livro.


Nossa Avaliação - 9.5
A premissa do livro é simples como diz o book trailer: há séculos, os instrumentos de adivinhação de todos os adivinhos (ou babalaôs) se calaram. Eles não conseguem mais contato com as divindades e por isso Orunmilá pede que Exu, seu fiel escudeiro e a entidade mais rápida e faminta do mundo, vá até Orum, que seria uma espécie de Céu, para descobrir o que está acontecendo.

Em paralelo, nos dias atuais, Newton, um jovem jornalista, escreve e-mails para uma pessoa que não nos é revelada procurando elucidar uma série de coincidências estranhas que aconteceram em sua vida nos últimos tempos (na verdade, desde que ele era crianças, mas ele nunca tinha pensado muito sobre isso). A coisa mais estranha de New é uma mecha branca de nascença que ele tem nos cílios, que torna ele uma pessoa "marcada", diferente.

Confuso com esses acontecimentos e inclusive com um pedido de ajuda inusitado e sobrenatural, New troca e-mails com essa pessoa, mas nós, leitores, nunca sabemos o que essa pessoa responde. Temos apenas as respostas de New para os e-mails previamente recebidos, conhecendo assim muito pouco sobre o destinatário dos e-mails.

Enquanto isso, na outra história, ao retornar de Orum, Exu revela que os dezesseis Odus (que seriam os Príncipes do Destino) foram sequestrados pelas bruxas Iá Mi Oxorongá  e que a missão de Orunmilá é selecionar sete guerreiros para resgatar os Odus e assim trazer o Destino de volta, fazendo com que os adivinhos voltem a ter resposta em seus jogos e instrumentos. Comprometido com a missão, Orunmilá nem pensa duas vezes e decide procurar os guerreiros no caminho, sem saber que uma das guerreiras pode ser sua filha Oxum.

Nesse caminho, Orunmilá encontra perigos e desafios, mas também faz aliados e descobre a inabalável fé de um povo. Aos poucos ele encontra seus guerreiros Ogum, Oxóssi, Iansã e Xangô, cada uma história e personalidade marcante.

Se a escrita de Newton nos e-mails é um tanto chata, porque ele é um personagem extremamente arrogante, individualista, machista e arrogante de novo (por isso que eu tirei 0.5 do livro), por outro lado a história de Orunmilá é narrada de uma forma simples que muito me agradou. Existe uma preocupação não só em ser fiel aos mitos, mas à linguagem mais crua sem muita firula, com diálogos concisos e diretos.

Mesmo se passando em tempos diferentes, a história de Newton nos dias atuais e a história de Orunmilá nos tempos mais remotos da Humanidade, as duas narrativas se entrelaçam de uma forma muito interessante. Tudo é amarrado com perfeição, tudo converge para o final que faz com que queiramos logo emendar um livro no outro. E eu, como entendida no mundo dos orixás, quero logo saber quem mais vai aparecer nos próximos dois livros!

A edição da Livros de Safra é um primor. A capa é linda e mostra um momento crucial da história, a revisão é muito bem feita, o mapa é perfeito, tudo é visivelmente feito com muito carinho e cuidado, tanto que fiquei morrendo de vontade de comprar a edição em capa dura, mas vou esperar sair um box bem bonito com os três volumes! (Aqui é importante dizer que eu comprei o e-book na Saraiva em .epub e tive que converter para .mobi, já que a Amazon não tinha disponibilizado o e-book em .mobi até pouco tempo!)

O primeiro livro já vendeu mais de 12 mil cópias e o segundo livro da trilogia sai no mês que vem, dia 12 de maio, e chama-se "O Livro da Traição". PJ Pereira liberou o prólogo no dia 1o de abril no Facebook do livro e quase me deu um ataque cardíaco de presente.

O autor prometeu que estará em São Paulo no dia 12 de maio, no Rio de Janeiro no dia 15 de maio e em Salvador no dia 19 de maio para autografar os livros. Tomara que seja perto daqui porque preciso muito ir!!! Ansiosa demais.

2 comentários:

  1. Eu gostei do livro, mas espera mais. Tiveram vários pontos que realmente me incomodaram, como o New. Sempre o New! Esse cara é muito chato, e os capítulos cheios são cheios de enrolação, digo, "informação" que não contribuem para o desenvolvimento do personagem, para irritar o leitor. Eu também fiquei com a sensação de que os personagens são muito rasos e que, se o livro foi enxugado, não haveria necessidade de se fazer uma trilogia, porque poderia muito bem ser um stand alone.
    Apesar disso e de outras coisas, a história do Orunmilá realmente é muito interessante, por isso comprarei os próximos livros para saber o que acontecerá a ele e a seus companheiros.

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  2. Acho que isso é uma unanimidade, Isabelle. O New é o personagem mais mala do livro. Eu realmente gostei mais da parte do Orunmilá, claro. Mas ainda acredito que essas partes chatas do New vão acabar dando em alguma coisa. Por enquanto a gente já sabe que ele é machista, ridículo e muito arrogante e que não merece ser "escolhido" pra nada! KKKK
    bjs

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