quarta-feira, 26 de março de 2014

Todo cuidado é pouco (Renata Lima)


Mais um livro livro para o Desafio do Skoob de março que merece uma resenha só dele: “A Lista do Nunca” de Koethi Zan, publicado aqui no Brasil pela editora Paralela. Eu achava que a Paralela só publicava livros eróticos, mas depois descobri que publica também policial, suspense, romance e ficção, vivendo e aprendendo!

Nossa Avaliação - 7.5
Narrado em primeira pessoa, o livro conta a história de duas amigas, Sarah e Jennifer, que depois de sofrerem um grave acidente de carro aos doze anos, onde a mãe de Jennifer morre, criam A Lista do Nunca enquanto convalescem no hospital, no intuito de evitar os perigos do mundo moderno.

Quando o pai de Jennifer é preso por embriaguez, Jennifer passa a morar com os pais de Sarah e os laços de amizade entra as duas se estreitam ainda mais e depois de anos, quando as duas, já jovens, se mudam para o campus da faculdade, acabam deixando A Lista do Nunca de lado ao entrarem em um táxi depois de uma festa (um dos itens da Lista do Nunca era nunca entrar em um carro com um estranho).

Sequestradas por um maníaco, as duas são jogadas em um porão juntamente com outras jovens e passam anos e anos de abusos e maus tratos. Porém, enquanto Sarah e as outras jovens, Christine e Tracy, têm uma certa "liberdade", Jennifer é trancada em uma caixa de madeira e depois desaparece misteriosamente.

Depois de muito tempo, Sarah conquista a confiança do maníaco e consegue que ele a leve para os andares superiores e confesse a morte de sua melhor amiga. Eventualmente, Sarah consegue fugir e acionar a polícia, mas agora, dez anos depois, seu torturador pode ser solto por bom comportamento caso ela e as outras vítimas não testemunhem novamente contra ele, já que o maníaco só foi preso por sequestro, já que os restos mortais de Jennifer nunca foram encontrados.

Formada e trabalhando, mas ainda com muitos traumas daquele tempo, Sarah vive em reclusão. Ela trabalha de casa e seu único contato com as pessoas se dá pelo computador, pelo telefone ou pela porta de entrada. Mais do que decidida a testemunhar contra o sequestrador, Sarah decide que precisa encontrar provas que o liguem ao assassinato de Jennifer e para isso ela precisa mais uma vez deixar de lado A Lista do Nunca e sair de casa atrás de suas aliadas.

Acontece que nem todas estão dispostas a reviver o passado e muitas ainda culpam Sarah por tê-las abandonado no porão para viver nos andares de cima com o bandido, mesmo que isso tenha significado a libertação de todas no final das contas.

O livro é bom, mas depois de ter lido "Identidade Roubada" da Chevy Stevens e "No Escuro" da Elizabeth Haynes, por exemplo, notei uma certa superficialidade da autora ao relatar os abusos e as sequelas dos mesmos. Ouso dizer que as outras personagens são bem melhores construídas do que a narradora do livro, principalmente em relação aos traumas sofridos e à vida que desenvolveram depois do cativeiro.

Outra coisa que não me desceu bem foi o fato da personagem principal ter conseguido fugir, ter ido à faculdade e só depois de tudo isso ter desenvolvido uma fobia que a impedia de sair de casa. E do mesmo jeito que essa fobia apareceu, ela simplesmente desaparece e, de repente, sem nenhum ataque de pânico, lá está nossa heroína andando na rua, dirigindo, levando uma vida bem funcional. 

O que infelizmente tirou pontos do livro, na minha opinião foi o final extremamente previsível e incrivelmente curto. Serve para o propósito do "minha nossa, então é isso", mas não existe uma explicação racional que leva o leitor a acreditar que isso poderia ter acontecido, acho que podia ter um epílogo um pouco mais elaborado, talvez uma reportagem de jornal fechando a tampa, sabe? As coisas ficariam mais amarradinhas.

Apesar de tudo, recomendo o livro para qualquer um porque ao contrário dos livros acima citados "Identidade Roubada" e "No Escuro", "A Lista do Nunca" não requer estômago forte. É uma leitura tranquila, apesar de não ser leve, como não o é qualquer livro que tenha esse tema!

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