segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Um suspense instigante (Renata Lima)


Nossa Avaliação - 9.0
Dez pessoas são convocadas, cada uma por carta de algum conhecido, a uma mansão em uma ilha deserta, algumas para trabalhar e outras para desfrutarem de férias e descanso. O problema é que elas são levadas à ilha juntamente com outras pessoas que nunca viram na vida e aparentemente não há qualquer conexão entre elas.

Uma vez na mansão, elas descobrem que todos foram convocados pela mesma pessoa, o Sr. U.N. Owen, um suposto milionário dono da ilha. O motivo é revelado através de um disco de vinil que o mordomo (que também é um dos dez "escolhidos", juntamente com sua esposa, que é a cozinheira e faxineira) coloca para tocar: uma voz sinistra revela o nome de cada presente, assim como o crime cometido por cada um, embora alguns neguem veementemente. 

Assim o clima de instabilidade e suspeita é lançado, com o agravante do pequeno poema infantil que fica sobre a lareira e em um quadro no quarto de cada um deles, contando a história dos Dez Negrinhos:

Dez negrinhos vão jantar enquanto não chove;
Um deles se engasgou e então ficaram nove.
Nove negrinhos sem dormir: não é biscoito!
Um deles cai no sono, e então ficaram oito.
Oito negrinhos vão a Devon de charrete;
Um não quis mais voltar, e então ficaram sete.
Sete negrinhos vão rachar lenha, mas eis
Que um deles se corta, e então ficaram seis.
Seis negrinhos de uma colmeia fazem brinco;
A um pica uma abelha, e então ficaram cinco.
Cinco negrinhos no foro, a tomar os ares;
Um ali foi julgado, e então ficaram dois pares.
Quatro negrinhos no mar; a um tragou de vez
O arenque defumado, e então ficaram três.
Três negrinhos passeando no Zôo.
E depois? O urso abraçou um, e então ficaram dois.
Dois negrinhos brincando ao sol, sem medo algum;
Um deles se queimou, e então ficou só um.
Um negrinho aqui está a sós, apenas um;
Ele então se enforcou, e não sobrou nenhum.

E da mesma forma em que morrem os negrinhos do poema, vão morrendo um a um os culpados reunidos na casa. O único detalhe diferente é que as mortes não são acidentais, são assassinatos. E com cada assassinato, um dos negrinhos decorativos sobre a lareira desaparece ou aparece em pedacinhos.

Acometidos de intenso estresse psicológico, os sobreviventes precisam descobrir quem é o assassino, quem será o próximo a ser assassinado e de que forma. E assim o leitor vai, também, aos poucos, criando suas teorias - que acabam frustradas cada vez que alguém morre.

Absolutamente intrigante!

Curiosidade: Como nos EUA, a palavra "nigger" é considerada um xingamento, a versão americana do livro chama-se "And Then There Were None" (E não sobrou nenhum). Algumas edições brasileiras também adoram esse nome e um colega meu disse que leu esse livro com o nome de "O Vingador Invisível". Há quatro adaptações para a telona: E Não Sobrou Nenhum (1965), And Then There Were None / Ten Little Indians (1974), Ten Little Indians (1987) e O Caso Dos Dez Negrinhos (1989). Ainda não assisti nenhuma.

3 comentários:

  1. Oi Rê, gostei da história. Mais um para minha listinha!

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  2. Hum... interessante... intrigante. Vale a pena dar uma conferida. Pode ser uma opção para abril, quem sabe?!

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