
Wake, publicado em 2008, é o primeiro livro de Lisa McMann, uma americana de 43 anos, mãe de dois filhos que vive no Arizona. Fade foi publicado em 2009 e Gone em 2010. Em 2011, McMann lançou (pasmem) três livros: The Unwanteds (uma nova série), Cryer's Cross e Dear Bully. Em 2012, lançou The Unwanteds: Island of Silence e Dead To You; em 2013, lancará Crash.
Na trilogia Wake, Lisa McMann teve uma ótima ideia que poderia ter se aprofundada e desenvolvida de mil maneiras diferentes e muito mais interessantes, mas a impressão que temos é de que ela se perdeu pelo caminho ou se deixou levar pela onda jovem e pop da literatura de hoje em dia. As capas dos livros são muito bonitas, têm um relevo interessante e realmente chamam a atenção. Basicamente são as mesmas capas americanas.
Quando eu, Carla, comecei a ler, pensei logo em Stephen King e em seu “O Apanhador de Sonhos”, mas logo vi que as duas histórias não tem nada em comum. Já eu, Renata, apostei que seria um livro interessante porque a temática era relativamente nova, longe da tríade sobrenatural anjo-lobisomem-vampiro que dominava a maioria das livrarias na época em que pegamos o livro.
![]() |
Nossa avaliação - 5.5 |
Até aí tudo bem, o problema é querer colocar a garota no meio de uma investigação policial chinfrim para descobrir através dos sonhos "provas" para incriminar um bandido qualquer - o que acontece em "Wake - Despertar" e "Fade - Desaparecer". Isso sem contar que todas as pessoas próximas à Janie sempre têm os mesmos sonhos, os mesmos pesadelos. Dá um tempo, né? Os nossos sonhos, pelo menos, são sempre sem pé nem cabeça, e nem sempre refletem algo que aconteceu ou um segredo que escondemos; muito menos se repetem constantemente.
Para piorar, e acabamos de verificar que não é um problema da tradução (no original também é assim), o livro é muito mal escrito. A pontuação é péssima, além de ter muito erros de digitação e concordância (alô, revisão!). Lembra muito o estilo de Clarisse Lispector, que por sinal não somos fãs: frases curtas em sequência dá nos nervos de qualquer um. Parece que a pessoa não consegue escrever orações, apenas frases simples. Isso sem mencionar o quanto os diálogos são superficiais e muitas vezes sem sentido, como se só estivessem ali preenchendo um espaço. E como tem diálogo inútil!
Outro problema é o fato de não haver continuidade na narração, os acontecimentos não estão interligados por uma linha de tempo. A ação demora a se desenvolver. Quando se narra um livro usando o tempo verbal no presente, espera-se uma coisa mais dinâmica. As datas confundem. Fazem o livro parecer um diário, mas quem escreveria um diário no presente e na terceira pessoa?
O terceiro problema é que os três livros poderiam ser condensados em apenas um, pois não há uma divisão significativa entre eles para haver essa separação; aquele momento de ápice onde o leitor fica ansiosamente esperando para saber o que vai acontecer em seguida, não existe aqui!
O ponto positivo do livro é que Janie é uma heroína possível. Tem problemas com a mãe, é pobre, tem amigos fúteis, precisa trabalhar para sustentar a casa e o vício da mãe. É um tipo de heroína diferente do que estamos acostumadas. Torcemos para que as coisas corram bem para ela, para que ela consiga controlar sua entrada e saída dos sonhos, para que não seja tão sacrificante para ela e para Cabel manterem um relacionamento.
Por falar em Cabel, teve gente que achou fantástica a parte final do livro (as 12 últimas páginas) que são narradas pela perspectiva de Cabel e não de Janie. Não tem nada de fantástico ali, a narração continua a mesma e a única diferença e ver Janie pelos olhos de Cabel e notar que ela não é tão inadequada quanto pensa.
![]() |
Nossa avaliação - 5.0 |
O mistério envolvendo os professores e um aluno com sonhos violentos faz do livro bem mais interessante do que o caso das drogas do livro anterior. Mas de resto, pouca coisa muda em termos de erros, problemas de narração e concordância. E mais uma vez, Wake e Fade poderiam ser um livro só!
![]() |
Nossa avaliação - 3.0 |
Se tivéssemos que fazer um gráfico da trilogia Wake, seria mais ou menos assim _/\_, talvez até pior porque a narrativa chata está ainda mais apurada. Como em Fade a história melhora um pouco, a narrativa não incomoda tanto, mas como diz o ditado, parece que Lisa McMann saved the best for last.
O mais difícil deste livro é chegar até o final dele. O livro vai acabando e a gente vai ficando cada vez mais irritado porque vê que no fim nada vai ser resolvido e o destino de Janie é realmente ingrato.
Quando Janie descobre o diário de Martha Stubin, temos a ideia (errada, diga-se de passagem) de que isso vai resolver todos os seus problemas. A impressão que tínhamos era de que ela aprenderia a controlar seu dom, de que ira usar seus poderes de forma consciente, de que ela não seria mais sugada para todo e qualquer sonho.
Lemos em algum lugar que o final da trilogia foi satisfatório. Se você chama de satisfatório um final sem pé nem cabeça, explicações muito mal feitas e muitas pontas soltas, tudo bem. E no fim, pode até ter sido satisfatório mesmo porque ler essa trilogia toda foi realmente um grande desperdício de tempo. Gostando ou não, pelo menos teve um fim.
Notícia fresca: Wake vai virar filme e Janie será interpretada por Miley-Hannah-Montana-Cyrus. Se isso é bom ou ruim, digam para gente. Cliquem aqui para saber mais notícias.
Os livros são publicados no Brasil pela Novo Século.
Você foi bem sincera quanto a sua resenha! Adorei isso! A série FALLEN também não é essas coisas que falam, é cansativa, enche linguiça na maior parte das vezes e tem apenas o que a maioria dos livros tem atualmente: CAPA BONITA E NOME DE IMPACTO!
ResponderExcluirAline,
Excluirsomos muito sinceras mesmo! A Carla achou os livros péssimos! Eu os achei apenas ruim!
Engraçado, nunca tive vontade de ler Fallen, nem olhando as capas.
Bjs